29.4.12

Bissau: "governo de inclusão"

Bissau, 28 abr (Lusa) - O Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) admite um governo "de inclusão" mas sem abdicar da liderança política na Guiné-Bissau, porque foi o partido mais votado, disse hoje o secretário permanente, Augusto Olivais. O responsável falava no aeroporto de Bissau, de onde partiu para uma reunião na Gâmbia onde serão procuradas soluções para a crise guineense, na qual participam, entre outros, partidos guineenses e o Comando Militar que fez o golpe de Estado de dia 12 de abril. Até agora o PAIGC tem-se recusado a participar em reuniões com outros partidos ou com os golpistas, insistindo sempre que tem de ser reposta a legalidade constitucional e concluídas as eleições presidenciais, cuja segunda volta foi bloqueada pelo golpe de Estado. Carlos Gomes Júnior, primeiro-ministro e candidato presidencial do partido, ganhou a primeira volta. Augusto Olivais explicou a jornalistas no aeroporto de Bissau que a proposta que tem para a reunião em Banjul é a de sempre, a reposição da ordem democrática e da Constituição, que o PAIGC retome o governo do país e que se faça a segunda volta das eleições presidenciais. Porém, disse, também está aberto a outras soluções para a crise no país, admitindo um governo de inclusão. "Se houver necessidade, se isso vai trazer paz, sossego, entendimento entre os guineenses, vamos por isso na mesa para discussão", disse Olivais, salientando que será sempre um governo do PAIGC. "Antes de toda esta situação o Presidente da República interino chamou o PAIGC para fazer um governo de inclusão, a pedido da sociedade civil, e o PAIGC aceitou. Isso contra a vontade e decisão do povo, que deu ao PAIGC uma maioria qualificada. Mas para não haver problemas no país o PAIGC aceitou e mesmo assim isso não resultou", disse. Quanto a um governo de transição de um ano, algo que a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) coloca como solução para o país, Augusto Olivais diz que tal depende de como se interprete essa transição. "Para uns a transição é acabar com o governo do PAIGC, para outros não", frisou. "Estamos numa situação que temos de aceitar que é anormal. É preciso preparar a segunda volta das presidenciais, marcara data, deixar os ânimos acalmarem. Sabemos que estamos em ano de eleições legislativas, que podem não ser na data prevista. Isso tudo vamos negociar, tentar compor, para termos os resultados que todos desejamos", disse. Otimista, Augusto Olivais afirmou não saber quanto tempo vai durar a reunião na capital da Gâmbia, horas ou dias, mas acrescentou: "vamos chegar a um acordo, alguma coisa vai sair desta reunião". Questionado sobre se já falou com Carlos Gomes Júnior, que foi detido pelos golpistas em 12 de abril e libertado na sexta-feira, encontrando-se atualmente na Costa do Marfim, disse que não e acrescentou saber que está bem "mas um bocado debilitado fisicamente". Fernando Vaz, que tem sido o porta-voz de um grupo de partidos que se tem reunido com os militares, e que propôs um Conselho Nacional de Transição, disse também aos jornalistas que vai defender na Gâmbia o que sempre tem defendido, "o rápido regresso à normalidade constitucional", admitindo que da reunião pode sair "um governo constituído" para a Guiné-Bissau. FP.

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