25.4.12

Bissau: Jorge Carlos Fonseca

Cidade da Praia - O presidente cabo-verdiano disse terça-feira que a cimeira extraordinária da CEDEAO, marcada para quinta-feira em Abidjan, "deverá permitir encontrar as soluções práticas" para que a Guiné-Bissau possa encontrar o caminho da estabilidade política. Jorge Carlos Fonseca, que estará na reunião, adiantou que o objetivo da cimeira da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) é encontrar "soluções táticas", com base nas resoluções tomadas por outras organizações internacionais, para que a Guiné-Bissau possa descobrir caminhos para a sua estabilidade política e para a retoma do processo da democracia. "Vamos tentar encontrar caminhos práticos e realísticos para que alguns princípios sejam tomados em conta no que respeita à não existência de soluções que constituam legitimação de golpes de estado. Nos tempos que correm não faz sentido que a Guiné-Bissau esteja sempre em situação de instabilidade", realçou. "Este é o ponto de princípio que iremos levar à CEDEAO, mas vamos ouvir. Teremos relatórios sobre o diálogo que tem havido com os políticos e as forças envolvidas no golpe na Guiné-Bissau. Mas o ponto de partida é que as instituições devem funcionar com critérios de legitimação e o único critério de legitimação na democracia é a vontade popular", salientou. Segundo Jorge Carlos Fonseca, os golpes de Estado não são admissíveis no quadro de instituições que estabilizam por valores e princípios de liberdade, de legalidade, do respeito pelo direito e de instituições constitucionalmente autorizadas. O presidente cabo-verdiano reafirmou que o arquipélago participará em todas as iniciativas com vista à normalização da situação na Guiné-Bissau, "na medida das suas possibilidades". Cabo Verde juntou, desde a primeira hora, a voz de "firme condenação" do golpe de Estado à da comunidade internacional, com as Nações Unidas e União Europeia (UE) a ameaçarem com sanções personalizadas ou individuais caso os golpistas se recusem a repor a normalidade constitucional e a libertarem os dirigentes detidos desde então. Entre eles figuram o Presidente interino, Raimundo Pereira, bem como Carlos Gomes Júnior, candidato presidencial vencedor da primeira volta das eleições presidenciais de 18 de março, primeiro-ministro e até então e líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC). No fim-de-semana, Jorge Borges, ministro das Relações Exteriores cabo-verdiano, que estará também presente na Cimeira, foi portador de uma mensagem de Jorge Carlos Fonseca ao novo Presidente do Senegal, Macky Sall, cujo conteúdo não foi revelado. Fonte diplomática cabo-verdiana disse, entretanto, à agência Lusa que Macky Sall, na audiência a Jorge Borges, se mostrou "bastante preocupado" com a crise na Guiné-Bissau, país com quem tem fronteira, juntando no rol das preocupações a situação pós-golpe no vizinho Mali. Segundo a fonte, no encontro foi debatida também a questão da necessidade de uma maior aproximação de posições entre a CEDEAO e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), sobretudo depois de os "oito" terem sido arredados das conversações com o Comando Militar golpista.

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