19.4.12

Bissau: violências e traições

Apesar de ser o mais antigo dos Países Africanos de Língua Ofical Portuguesa (PALOP), com a sua independência unilateralmente proclamada pelo PAIGC em 24 de Setembro de 1973 e reconhecida por Portugal em 10 de Setembro de 1974, nem por isso a República da Guiné-Bissau é de forma alguma o mais consistente. Antes pelo contrário; a avaliar pelo número de presidentes, de governos e de golpes e intentonas que tem registado.
Quando se tornou independente, nas colinas de Madina do Boé, ainda em luta contra a administração colonial portuguesa, o seu primeiro Presidente foi Luís de Almeida Cabral, que João Bernardo Vieira (Nino) se encarregaria de derrubar em 14 de Novembro de 1980, remetendo-o para a cadeia e para o exílio, sucessivamente em Cuba e em Portugal, onde acabaria por morrer.
De 7 a 14 de Maio de 1999 o país foi dirigido por uma Junta Militar chefiada pelo brigadeiro Ansumane Mané, enquanto Nino Vieira, por ele derrubado, partia para o exílio no Norte de Portugal, de onde só regressaria seis anos depois (para mais tarde vir a ser assassinado).
De 14 de Maio de 1999 a 17 de Fevereiro de 2000 esteve como Presidente interino Malam Bacai Sanhá e dessa última data a 14 de Setembro de 2003 o folclórico “homem do barrete encarnado”, Kumba Ialá, entretanto derrubado por um golpe de Veríssimo Correia Seabra, que em Outubro de 2004 viria a ser morto numa das muitas escaramuças militares que tem havido na Guiné-Bissau.
De 28 de Setembro de 2003 a 1 de Outubro de 2005 foi Presidente interino Henrique Rosa, que cedeu o poder a Nino Vieira, entretanto regressado à chefia do Estado por força do voto (Mas que, como já se disse, acabou por ser morto).
Quanto a Amílcar Cabral, irmão mais velho de Luís Cabral e figura maior da luta pela independência, fora assassinado logo em 20 de Janeiro de 1973, na vizinha República da Guiné (Conacri), por alguns dos companheiros de guerrilha, sem ter tido sequer tempo de ver realizado o seu sonho. E, tal como ele, o primeiro primeiro-ministro que houve no país, Francisco Mendes, “Chico Té”, também foi morto, em 7 de Julho de 1978, aparentemente devido a divergências no seio do próprio Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), que sempre se tem caracterizado por grandes tensões internas.
Vamos, pois, numas boas quatro décadas de turbulência. Até quando? J.H.

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