17.2.11

Costa do Marfim: quando o tempo era de paz

Em Setembro de 1970 publiquei no jornal "A Tribuna", da então cidade de Lourenço Marques, hoje Maputo, um artigo em que apresentava a Costa do Marfim como um exemplo de paz no continente africano. Mas a verdade é que nos últimos dois meses e meio, 40 anos depois, juá se verificaram lá três centenas de mortos, em escaramuças várias, com dois homens a intitularem-se presidentes.
No meu pequeno artigo de 1970, que fora distribuído pela agência ANI, falava da paz e da harmonia que reinariam durante a primeira década do mandato de Félix Houphouet-Boigny, chefe do Governo a partir de 1959 e Presidente da República desde 1960.
Os marfinenses ainda eram então apenas quatro milhões e pareciam ser relativamente felizes, com uma grande coesão entre as diferentes regiões do país, agora bem divididas entre as setentrionais e as meridionais. As primeiras a querer como Presidente Alassane Dramane Ouattara e as segundas fiéis a Laurent Gbagbo.
Houphouet-Boigny, antigo deputado à Assembleia Nacional da França e ex-ministro sem pasta no executivo gaulês, dava a aparência de tudo controlar e de querer demonstrar que a paz era possível na África.
Só que, não há bem que sempre dure, nem divergências que não acabem por vir à superfície, depois de algumas décadas de aparência de normalidade. Neste mundo tudo é efémero e tudo evolui. Umas vezes para melhor, outras para pior.
De momento, a Costa do Marfim é uma grande incógnita, depois das convulsões verificadas nos últimos nove anos. E só os próximos meses é que dirão que rumo irá tomar. JH

Nenhum comentário: