1.6.16
Bissau: Nas mãos de Deus
Apelo dos bispos católicos guineenses: A Guiné-Bissau tem vivido, nos últimos meses, uma escalada da crise política que persiste em fragilizar, ainda mais, as Instituições do Estado, em agravar a precária situação económica do País e em aprofundar as vulnerabilidades das populações.
A crise atual coloca em risco as conquistas que o País tem alcançado nos últimos tempos nos domínios da governação em democracia, consolidação da estabilidade política e restauração dos quadros de cooperação internacional com os parceiros de desenvolvimento.
Perante os sinais do aprofundamento progressivo da crise política e as suas consequências cada vez mais gravosas para os tecidos sociais e económicos do País;
Tendo em conta a urgente necessidade de serem restauradas as condições para a Defesa do Bem Comum;
Convencidos que os interesses individuais e de grupos não devem nunca sobrepor-se aos desígnios nacionais;
Atendendo que o contrato social e de governação que compromete os políticos perante os cidadãos, está focado na prestação de serviço político de qualidade;
Cientes que o amor ao próximo, a perseverança, a solidariedade, a reconciliação, a tolerância, a justiça e a convivência pacífica de pessoas com diferenças identitárias e de credos religiosos são valores nos quais se alicerça a casa comum dos guineenses;
Nós, Bispos da Igreja Católica na Guiné-Bissau, lançamos o seguinte apelo:
- Aos crentes para que confiem a Deus a situação do nosso Pais, certos de que “se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os construtores” (Salmo 126, 1);
- Aos atores políticos nacionais, particularmente os titulares de órgãos de soberania e os partidos representados na Assembleia Nacional Popular, para serem perseverantes, pautando as suas atitudes e ações políticas pela procura incessante da paz, do diálogo construtivo e inclusivo, tendo em vista a convivência democrática e a estabilidade político-governativa;
- À classe política para assumir com firmeza o compromisso político de servir com dignidade e sentido de missão de cidadania o povo guineense: - criando condições políticas para o diálogo e a parceria estratégica entre as Instituições da República, e para a edificação de um Pacto de Estabilidade para a governação; - restaurando as condições de governação do País num momento em que a fadiga da crise mina o ordenamento público e a autoridade do Estado;
- Aos guineenses, no seu todo, para que sejam perseverantes na luta comum por um País melhor, por um País de homens e mulheres comprometidos com a verdade, a liberdade, a paz, o progresso e a justiça;
- Às forças de Segurança e Defesa para que continuem a manter a ordem e a segurança das pessoas e das Instituições da República;
- Aos Magistrados para que continuem a promover a justiça em conformidade com a missão que lhes foi confiada num Estado de direito democrático;
- À Comunidade Internacional para que continue a ser solidária e a ajudar o povo guineense a realizar as suas aspirações mais profundas.
Confiantes que a Sabedoria de Deus assiste e guia o povo guineense e seus dirigentes, saudamos a todos.
Bissau, 01 de junho de 2016
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