16.11.15
Angola: O que diz o FMI
Em 28 de outubro de 2015, o Conselho de Administração do Fundo Monetário Internacional (FMI) concluiu a consulta com Angola ao abrigo do Artigo IV.
O choque dos preços do petróleo está a afetar negativamente a economia. Projeta-se que o preço médio do cabaz de petróleo angolano se situe em USD 53 por barril em 2015, contra pouco mais de USD 100 por barril em 2014, conduzindo a uma grande diminuição da receita fiscal e das exportações. Embora a produção de petróleo tenha recuperado na sequência da conclusão das obras de manutenção, o crescimento do PIB não petrolífero deve desacelerar para 2,1% em 2015. Os sectores industrial, da construção e dos serviços estão a ajustar-se à queda do consumo privado e do investimento público e às dificuldades persistentes para obter moeda estrangeira. Projeta-se que a inflação ascenda a quase 14% até ao final de 2015, ultrapassando o objetivo do Banco Nacional de Angola (BNA) de 7-9%. O orçamento para 2015 prevê a descida do défice do governo central para 3,5% do PIB, face aos 6,4% registados em 2014. A projeção para a dívida pública, porém, é de um aumento expressivo, para 57,4% do PIB até ao final de 2015, dos quais 14,7% do PIB correspondem à empresa estatal de petróleo, a Sonangol. Prevê-se que o défice da balança corrente externa ascenda a 7,6% do PIB em 2015 e que as reservas internacionais diminuam para USD 22,3 mil milhões (cerca de sete meses das importações de 2016) até ao final de 2015. Entretanto, verificou-se um grande diferencial entre as taxa de câmbio do mercado paralelo e primário, o que indica um desequilíbrio no mercado cambial.
É provável que em 2016 a conjuntura económica continue a apresentar desafios, pois não se espera que os preços internacionais do petróleo recuperem e os riscos são negativos. Projeta-se que o crescimento permaneça estável em 3,5% em 2016 e que o sector do petróleo cresça cerca de 4%. A expetativa para o sector não petrolífero é de uma ligeira melhoria, com crescimento homólogo de 3,4%, impulsionado sobretudo pela recuperação mais robusta da agricultura. A inflação deverá abrandar para 13% no final de 2016, sendo de prever que o efeito da recente restritividade monetária seja sentido de forma mais clara no segundo semestre de 2016.
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