9.8.15
Timor: A Morte continua à solta
Mais um. A seguir a Alfredo Reinado e ao aparato que foi o seu assassinato, na casa de José Ramos Horta, foi agora a vez de Mauk Moruk ser assassinado pelas forças do regime timorense. Há anos, quando do assassinato de Alfredo Reinado, foi tentado o assassinato de José Ramos Horta, que era então presidente da República timorense, agora foi assassinado Mauk Moruk e o seu lugar-tenente, o número dois, como é especificado no despacho da Lusa. Lusa que pôs sempre muito pouco na escrita sobre Mauk Moruk. Talvez por a Lusa estar nas ex-colónias portuguesas como agência diplomática que faz notícias à medida dessa função em vez de seguir o cumprimento natural de Agência de notícias, formando e informando. Coisas… Coisas que vão para além de os seus profissionais poderem exercer a sua função profissional… Provavelmente até frequentaram um curso sobre diplomacia… E estão nessa. Duro, para quem devia estar a cumprir a sua profissão de jornalista. Eles é que sabem, eles são quem têm a carteira, eles, provavelmente, são quem mais sofre por estarem condicionados a notícias com conta, peso e medida.
Pergunte-se: mas quem era Mauk Moruk? Pois. Boa pergunta. É que a Lusa, desde Timor-Leste, sempre divulgou muito pouco, quase nada, sobre este ex-guerrilheiro que regressou a Timor-Leste há relativamente pouco tempo para fazer cair o regime de Xanana Gusmão. O Gusmão corrupto e desleal para com a revolução maubere. O Gusmão que derrubou o governo eleito da Fretilin – quando era presidente da República – para se fazer senhor e dono do país. O Gusmão, senhor e dono dos destinos de Timor-Leste e dos timorenses que, com a falsidade e hipocrisia que o caracteriza, dá voltas e reviravoltas mantendo-se no poder que dita os destinos da nação da meia-ilha que é habitada por um povo excecional, que nunca será bem divulgado nos canhenhos das penas ou teclados alfanuméricos que os descrevem. Aliás, tentam descrevê-los. Isto porque só os timorenses, ao longo dos anos, serão capazes de se descrever a eles próprios. Não um ou mais estrangeiros que se proponham ser protagonistas da tarefa.
A história dos timorenses e de Timor-Leste está por escrever. E assim continuará. Até que um timorense, ou vários, tenham a capacidade de reunir o que já foi escrito com verdade (pouco) e complete o que falta escrever, o que falta transmitir sobre os grandes valores daquela gente que tem passado as passas do Algarve, de Jakarta, de Camberra e de Washington. Um dia acontecerá. Pena que eu não esteja então vivo… para ler, gostar e criticar (se fosse o caso). Certo é que, então, levarei no coração o meu Timor-Leste. Irei feliz e agradecido por ter convivido com um povo tão importante na história da humanidade. Isso é coisa pessoal. Que aqui, agora, transmito por saber que a vida me escapa entre os dias que me restam e não posso deixar de emitir neste Inverno último da vida a sacralidade da minha admiração ao dizer: obrigado, meus queridos irmãos timorenses, obrigado por me terem deixado conhecer-vos e ensinado a amar-vos. A vós e a essa terra, mar e montanhas. A esse céu que talvez me convide a habitá-lo quando chegar a minha hora. Obrigado.
Mauk... E, a seguir, quem mais?
Mauk Moruk tinha o destino traçado. Atreveu-se a meter-se com o regime de Xanana Gusmão, da “Caixa”… Xanana disse, daquele opositor, que ele “era maluco”. A páginas tantas, também o disse, há anos atrás, de Alfredo Reinado, seu opositor. Antes seu colaborador no golpe de Estado que derrubou Mari Alkatiri e o fez fechar-se em casa, rodeado de segurança privada e de confiança (camaradas)… Não fosse o representante de Deus e do Diabo naquela meia-ilha decidir “despachar” Alkatiri. Foi tentado com Taur Matan Ruak… Mas não resultou, felizmente. Afinal, quer Alkatiri, quer Taur, já se esqueceram disso tudo. Agora até partilham um pouquinho dos poderes em Timor-Leste. Pergunte-se: quando é que os timorenses poderão ser donos dos seus próprios destinos? Quando é que os corruptos, os ladrões, os assassinos, o representante Deus e do Diabo ali (Xanana Gusmão) ocuparão o lugar natural de quem comete crimes de lesa-Pátria? O julgamento, a condenação, a prisão. Quando?
Mauk Moruk tinha o seu destino traçado ao meter-se com o Deus e Diabo timorense, Xanana Gusmão. Não era maluco, mas era baralhado, sem uma estratégia traçada e convenientemente divulgada. Merecedora de aprovação pelos timorenses. Moruk, em dado passo, quando guerrilheiro pela libertação do país, traiu o seu país e o seu povo, indo para o lado dos assassinos e ocupantes indonésios. Mas também Xanana, de outro modo, o fez. Que se saiba, Xanana não diz dele próprio que é maluco. Aliás, é tão são que continua a governar numa sombra que só não o vê quem não quer ver. Nem por acaso tem no seu parceiro, agora ministro das polícias e de muito mais que isso, Longuinhos Monteiro, o fiel servidor. Servidor que contaminou e destruiu provas do assassinato de Alfredo Reinado e do seu lugar-tenente, número dois… Isso são contas de outro rosário? Não. São contas do mesmo rosário. O rosário manuseado por Xanana Gusmão.
Basta. Chega. Paz a Mauk Moruk, o Maubere Tuba Rai Metin. Morreu a merecer o respeito dos timorenses seus irmãos. Abanou Xanana e o seu poder. A tal ponto que ele abdicou de ser primeiro-ministro oficial para passar a ser primeiro-ministro na sombra, com a cumplicidade de Mari Alkatiri e de Taur Matan Ruak. Rui Araújo, agora PM oficial, nem é para aqui chamado.
Não matem, julguem e prendam. Os corruptos, os ladrões do povo timorense, Xanana Gusmão e todos aqueles que devem o que falta ao povo anónimo mas muito amado pelos que o admiram, que até o veneram, porque merece.
Leia-se a Lusa, sobre o fim de Mauk Moruk. Quem se seguirá? Longa vida a Xanana Gusmão, na prisão. Porque merece. Julguem-no e assim acontecerá, com justiça.
António Veríssimo, Lisboa/Página Global
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