A forma como o adolescente Ogun Samast explicou o facto de ter assassinado o escritor de origem arménia Hrant Dink veio chamar a atenção para grupos como o Partido de Acção Nacionalista (Milliyetçi Hareket Partisi, MHP), porta-estandarte da extrema-direita turca, que se opõe ao pluralismo cultural e se opõe a uma etnicidade homogénea.
Para além de ter demonstrado o precário estado da liberdade de expressão num país com pretensões a vir a fazer parte da União Europeia, o assassínio do representante de uma minoria colocou em foco as posições de nacionalismo radical que de vez em quando parecem ganhar novo fôlego na sociedade turca.
Os nacionalistas sempre viram os apelos de Dink a um reconhecimento por Ancara de que foram chacinados muitos arménios durante a I Guerra Mundial como um insulto à honra da nação, que para eles é o valor supremo.
“O nosso grande ideal é elevar a nossa nação ao mais elevado nível de civilização e prosperidade”, disse Kemal Ataturk, que viveu de 1881 a 1938 e foi o fundador da República, herdeira do Império Otomano que existiu de 1299 a 1923.
Dezenas de intelectuais têm sido acusados de insultar a identidade turca, ao abrigo do artigo 301 do Código Penal revisto, aprovado pelo actual Governo mas que mesmo assim ainda deixa muito a desejar em relação aos cânones ocidentais.
Dia 3 deste mês, no Financial Times, o correspondente Vincent Boland fez uma análise da forma como “os turcos estão a ficar cada vez mais desiludidos com a Europa”, tendo assinalado o surgimento de um novo tipo de nacionalismo. E no dia 12 o académico turco Kaan Durukan sintetizou que, para a maioria dos seus compatriotas, “o nacionalismo é o menor denominador comum da sua identidade, independentemente do estatuto social, do poder económico e da filiação política”. J.H.
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