11.9.07

Sempre estive na vida "underneath what is above"

Sempre à minha frente encontrei homens e mulheres de outra condição. Mais altos, quiçá mais belos, mais ricos e muito mais poderosos.
Eu, como todos os que se sentem por baixo, oprimidos, sempre encontrei homens e mulheres prontos para me dirigirem e para me indicarem o caminho; para me dizerem o que deveria ou não deveria fazer. Pessas bem encaixadas na vida ou com muito mais ousadia ou descaramento, prontas para me suplantarem e oprimirem.
Sempre me senti "underneath what is above", conforme um dia sonhei, creio que no ano de 1976, na cidade de Londres, um dos muitos lugares onde sofri desilusões, de vária ordem. Vi-me como um palhaço pobre, um faz-tudo; e a imagem tinha essa legenda.
É a todos os que um dia me passaram a perna que hoje dedico este apontamento, na manhã de 11 de Setembro do ano 2007.

Jorge Heitor

9.9.07

Campanha pela liberdade de imprensa no Zimbabwe

09.09.2007

A Fundação Peter Weiss para a Cultura e a Política, criada em Berlim em 1993, promove hoje uma jornada mundial pela democracia e a liberdade de imprensa no Zimbabwe, a fim de recordar que neste país, dirigido por Robert Mugabe, desde Fevereiro a maior parte das manifestações são proibidas e a comunicação social estrangeira é vítima de discriminação.
O festival internacional de literatura que decorre na capital alemã, de 4 a 16 de Setembro, associou-se à iniciativa, para que sejam feitas em muitos países leituras de textos sobre a situação zimbabweana, tendo pedido a emissoras, escolas, universidades, teatros e outras instituições que divulguem poemas de Chengerai Hove, Chirikuré Chirikuré e Dumudzo Marecharas.
Em Portugal, decorre na noite da próxima quarta-feira na livraria lisboeta Ler Devagar/Eterno Retorno, nas instalações da antiga fábrica de armamento de Braço de Prata, a leitura de poesia não só daqueles zimbabweanos, mas também do moçambicano Mia Couto e do brasileiro João Cabral de Melo Neto.
A mensagem que se pretende transmitir é a de que "a realidade no Zimbabwe é desesperante, com os media controlados e a informação manipulada".

7.9.07

Poucas esperanças quanto ao Darfur

Alguns dos dirigentes rebeldes do Darfur, onde a situação se mostra cada vez mais complexa, desde há quatro anos, manifestaram ontem a sua desilusão quanto ao balanço da visita de três dias que o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, efectuou ao Sudão, antes de se ter dirigido ao Chade, para conversações com o Presidente Idriss Deby Itno sobre a violência que também aí se faz sentir.
Aqueles líderes da guerrilha disseram à Reuters ter poucas expectativas quanto ao que possa resultar das conversações de paz marcadas para 27 de Outubro na Líbia, uma vez que no seu entender a ONU não está a pressionar suficientemente o Presidente sudanês, Omar Hassan al-Bashir, quanto aos problemas de que se queixam muitos dos naturais do Darfur, país que em 1916 perdeu a sua independência, quando o Reino Unido o invadiu e submeteu a Cartum.
“Há novas tribos árabes que o Governo (de Al-Bashir) foi buscar ao Níger e ao Chade para as instalar no Darfur, de modo a alterar a respectiva demografia antes de aí se efectuarem eleições”, declarou um dos dirigentes do Exército de Libertação do Sudão (SLA), Ahmed Abdel Shafie, que poucas esperanças tem na pacificação enquanto as Nações Unidas não exercerem mais pressões.
De igual modo o fundador do Movimento de Libertação do Sudão (SLM), Abdel Wahid Mohamed el-Nur, residente em Patris, declarou não ter sido consultado sobre o lugar, a data e outros pormenores das conversações que Ban anunciou, antes de ter ido tratar da situação dos 230.000 refugiados e 150.000 refugiados actualmente existentes no Leste do Chade. “Nós não vamos participar”, esclareceu, mantendo o boicote que já o mês passado fizera aos contactos preliminares efectuados na Tanzânia para se tentar deliniar uma plataforma comum a todos os rebeldes.
A digressão africana do secretário-geral da ONU termina hoje em Tripoli, depois de haver dito que “o Governo líbio tem estado a desempenhar um papel muito construtivo” no que se refere às questões sudanesas.
J.H. 8 de Setembro de 2007

3.9.07

Pacto para a tranquilidade na Serra Leoa

Os dois candidatos à segunda volta das presidenciais que sábado vai decorrer na Serra Leoa, o vice-presidente Solomon Berewa e oposicionista Ernest Bai Koroma, decidiram partilhar quinta-feira uma mesma viatura, num “desfile pela paz”, corolário de um pacto que estabeleceram contra a violência, anunciaram ontem os seus partidos.
O compromisso foi estabelecido durante conversações mantidas domingo com o Presidente Ahmad Tejan Kabbah, que na semana passada chegara a admitir a hipótese de ter de proclamar o estado de emergência, se acaso prosseguissem os confrontos entre os dois campos: o situacionista Partido Popular e o oposicionista Congresso Popular, que conseguiu a maioria parlamentar nas legislativas de 11 de Agosto, disputadas em simultâneo com as presidenciais.
A Serra Leoa tem um dos piores índices de desenvolvimento humano (IDH) de todo o mundo e a maior taxa de mortalidade infantil, sendo normalmente colocada num lote de estados africanos menos desenvolvidos de que também fazem parte a República Centro-Africana, a Eritreia, o Burundi, a Guiné-Bissau e a Somália.