27.8.10

Genocídio no Leste da RDC

Um relatório das Nações Unidas afirma que crimes cometidos na República Democrática do Congo (RDC) pelo Exército do Ruanda e pelos seus aliados poderão ser considerados um genocídio.

O relatório, já visto pela BBC e por alguns outros órgãos de informação, pormenoriza a investigação que tem vindo a ser feita ao conflito que decorreu na RDC de 1993 a 2003, dizendo que dezenas de milhares de hutus, incluindo mulheres, crianças e idosos, foram mortos pelo Exército ruandês, dominado pelos tutsis.

No entanto, o ministro ruandês da Justiça declarou não fazerem qualquer sentido estas afirmações de que o actual Exército do seu país procedeu à chacina sistemática de sobreviventes depois de haver ocupado acampamentos de refugiados hutus em território congolês, na região dos Grandes Lagos.

O relatório da ONU também refere violações dos direitos humanos cometidas pelas forças de segurança de todos os países que participaram naquela que tem vindo a ser chamada a “guerra mundial africana”, que oficialmente terminou em Julho de 2003, quando tomou posse o Governo de Transição da RDC.

Mais de cinco milhões de mortos

Foi a maior guerra da moderna história africana e envolveu oito países, bem como duas dezenas e meia de grupos armados, milícias de diferentes quadrantes. Em 2008, o conflito e as suas sequelas já tinham feito 5,4 milhões de mortos, na sua maior parte devido a doenças e à fome. Foi o pior de todos os conflitos havidos na Terra desde a II Guerra Mundial, mas nunca chegou a ter uma grande repercussão internacional.

Se bem que oficialmente tenha acabado há sete anos, o Leste da RDC, nas proximidades da fronteira com o Ruanda, continua muito volátil, com frequentes ataques a populações civis e violações em massa, como ainda esta semana foi noticiado.

O relatório final do alto-comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, já referido nas últimas 24 horas pelo jornal Le Monde e pela BBC, deverá ser formalmente publicado num dos próximos dias.

Reunião de emergência

Ontem, o Conselho de Segurança das Nações Unidas efectuou uma sessão de emergência para debater as alegações de que rebeldes hutus ruandeses se encontravam entre os elementos armados que no fim de Julho e início de Agosto violaram pelo menos 150 mulheres e crianças na localidade de Luvungi e em aldeias vizinhas, na província do Kivu Norte.

Quase em simultâneo com este último episódio, duas dezenas de peritos da ONU em direitos humanos documentavam, em centenas de páginas, aquilo que disseram ser ataques sistemáticos cometidos num passado recente pelo Exército do Ruanda e pela Aliança das Forças Democráticas para a Libertação do Congo-Zaire (AFDL).

Kagamé e Kabila

O actual Exército ruandês tem como figura emblemática o general Paul Kagamé, que tomou posse em 24 de Março de 2000, depois de ter dirigido a Frente Patriótica Ruandesa (FPR), cuja vitória sobre o Governo anterior, em Julho de 1994, acabou com o genocídio de cerca de 800 mil pessoas, cometido por extremistas hutus. E a AFDL era dirigida por Laurent-Désiré Kabila, pai do actual Presidente congolês, Joseph Kabila. Foi em 1997 que a AFDL, apoiada pelo Ruanda, assumiu o poder em Kinshasa, depois de ter derrotado o Presidente Mobutu Sese Seko.

A ser verdade o que dizem agora peritos das Nações Unidas, soldados tutsis ruandeses que derrotaram forças genocidas hutus teriam depois tido o mesmo tipo de comportamento, ao perseguirem os seus compatriotas que se refugiaram no território da RDC.

O tecido social ruandês, tal como aliás o do vizinho Burundi, é constituído por uma maioria hutu, tradicionalmente camponesa, e por uma minoria tutsi, mais dedicada à criação de gado, às tarefas administrativas e à carreira das armas. Hutus e tutsis não são etnias, mas sim estratos ou camadas sociais.

16.8.10

Pakistan has a man for a crisis - general Kiani

By Abubakar Siddique

As the people of Pakistan struggle to overcome a calamity of massive proportions, one man has emerged to inspire confidence in the country's flood-recovery efforts: top military commander General Ashfaq Parvez Kiani.

Kiani has taken the lead since unrelenting monsoon rains brought on a natural disaster that has so far left 1,600 dead, many millions homeless, and disrupted the lives of up to 18 million more. Images of Kiani helicoptering around Pakistan taking stock of the tragedy provided a stark contrast to those of President Asif Ali Zardari helicoptering to his chateau in France as floodwaters
swelled, adding to the perception that the civilian government was failing its people.

Despite his role as chief of the world's largest Muslim army, however, little is known about the 58-year-old, chain-smoking general.

Admirers describe Kiani as a man of few words who has largely remained in the shadows even as he has risen quickly through the ranks - from second lieutenant (or junior commissioned officer), to head of the Inter-Services Intelligence agency (ISI), to General Pervez Musharraf's successor as the country's top military man.

Septuagenarian General Talat Masood, who served in the army for nearly four decades and is now an influential analyst, says Kiani is perhaps the best military chief in the nation's checkered 63-year history.

Over that time, four military dictators trampled elected governments and ruled the country for more than three decades. Masood, who has been consulted by Kiani at times, sees key differences in the approach used by this military commander.

"He does a lot of reflection and intellectually he is very profound," Masood says. "I think he goes at the best of the problem and has a much better understanding of the world and the region as a whole. And I would say that his understanding of national affairs, in comparison to his predecessors, and of the regional affairs is far more pragmatic and [he] has a greater depth in his understanding."

The son of a military man, Kiani enjoys a reputation as a "soldier's soldier" who garners the respect of his troops and Western contemporaries alike. A father of two, he was born in Gujjar Khan, a region close to the military headquarters near Islamabad that is known for providing generals and "jawans" (soldiers) to the military. During various stages of his nearly four-decade career, Kiani attended training in some of the finest US military institutions, and is considered a good listener with a keen understanding of his surroundings whether in the political arena or on the battlefield.

On taking over from military dictator Musharraf in November 2007, he set about modernizing and overhauling a military force deeply entangled in national politics and regional rivalries.

His performance was impressive enough to lead Prime Minister Yousaf Raza Gilani to hand him an unprecedented three-year extension earlier this year, keeping him in his post until 2013.

His continued presence is generally seen as a good omen for stability and democracy in Pakistan. His recent success in delivering aid and rescuing people in remote regions has led some to speculate about whether his leadership might be an improvement over the current government. At a minimum, analysts say, his success will further cement the military's traditional hold on politics.

Kiani, who saw treacherous Pakistani politics up close as late prime minister Benazir Bhutto's deputy military secretary in her first government in 1988, has since taken pains to distance himself from politics. In 2008, for example, he oversaw what were widely regarded as fair national elections after which he ordered subordinates to break off all contacts with politicians. Since then, the military has refrained from micromanaging domestic politics or policymaking, choosing to step in only when its own interests are at stake.

Complex juggling act
Kiani's main strategic focus since taking command has been the complex al-Qaeda-inspired Islamist insurgency, a daunting task that led him to take the popular step of ordering all military officers back from their civilian administrative jobs to ready for the battlefield.

He has taken the fight to the insurgents, launching large-scale military operations in the Pashtun northwest. But those maneuvers have also led to retaliation, with militants increasingly targeting the central Punjabi heartland, where some militant networks are deeply entrenched. Meanwhile, a separate secessionist Balochi insurgency lurks as a less violent but nonetheless major domestic threat.

Even as he has enjoyed success overseeing flood-recovery efforts, the escalating crisis threatens to derail Kiani's plans to build up Pakistani security forces in areas where the military only recently gained toeholds. The northwestern Swat district and parts of the Federally Administered Tribal Areas (FATA), where 150,000 soldiers conducted successful military operations in 2009, have been severely battered by floods. Anger against the civilian government's inept response is high, leading to concerns that insurgents could capitalize and emerge even stronger.

Across Pakistan's eastern border lies a much bigger nuclear-armed military threat, making India a major focus for Kiani. To the west, his relationship with allies is complicated. Western leaders periodically express concerns about Islamabad's perceived support for the Afghan Taliban and question Pakistan's reluctance to go after India-centric Islamist militant groups instrumental in a two-decade old insurgency in the disputed Himalayan region of Kashmir.

Haider Mullick, a fellow at the US Joint Special Operations University, cites the immense challenges that lie before Kiani.

"[Kiani must] come up with a new relationship with India [while] at the same time balancing the relationship with China and the United States and being able to achieve [Pakistani] national security objectives inside Afghanistan - that is, an Afghanistan that is not perceived to be pro-India and at the same time is not harboring al-Qaeda," Mullick says. "But everything between that is very gray and it remains to be seen. He has some things that are working for him and other things that are not, and there are serious grave challenges and also great opportunities for him to change the security calculus of that region and his own army."

Mullick, who recently made several trips to Pakistan to study counter-insurgency under Kiani's leadership, describes him as an "innovative revolutionary" who inspires confidence in his ranks.

Kiani's way
Such confidence appears to derive from his steely commitment to doing things on his own terms while keeping the focus on duty by maintaining separation between the government and military.

He has pulled off tricky juggling acts of interests that could prove to be the downfall of others in his position. For example, Mullick says, Kiani has managed to push out those in his intelligence services who were not on board in the war against the Tehrik-e Taliban Pakistan (Movement of the Pakistani Taliban) and al-Qaeda.

Kiani has also proven to be an adept navigator in his dealings with the United States, which, as former US diplomat in Islamabad Larry Robinson explains, is no easy task.

"There is the suspicion of anything Pakistan does and certainly anything the Pakistan army does on the part of most Afghans and many Americans," Robinson says. "And then the claims within Pakistan that all this fighting is unnecessary and is only done at the behest of those same Afghans and the Americans who are completely ungrateful for Pakistan's sacrifices. I don't think you get much more challenging than that."

But at the risk of being seen as being too cozy with Washington, Kiani's relationships with US military leaders Admiral Mike Mullen and General David Petraeus have provided him with a steady supply of much-needed training and equipment.

While accepting the challenge thrown down by the United States to root militants out of their long-standing safe havens in Pakistan's northwest, Kiani has stubbornly resisted moving into the country's most dangerous militant hotbeds, such as the western North Waziristan tribal district on the Afghan border, considered the regional headquarters of Pakistani, Afghan, Central Asian and al-Qaeda militants.

And although he has been open to discussion with outsiders, he has by no means been overeager.

Even as his relationship with Afghan President Hamid Karzai has flowered, for instance, they differ on reconciliation with Pakistan-based Afghan insurgent networks. And while many in Kabul and Washington oppose power-sharing with Gulbuddin Hekmatyar and Jalaluddin Haqqani - two hardline Afghan Islamist leaders - Kiani has made clear that Islamabad would not mind seeing the two in a post-reconciliation Afghan government.

Domestically, he has resisted calls by some Pakistanis who want him to move against al-Qaeda-allied sectarian militias targeting his Punjabi home base, from where most of his officers and soldiers are recruited.

Mullick suggests that Kiani has promised "piecemeal" operations against all militants, but that his priority is to concentrate his efforts on those who jeopardize Pakistani security.

Political minefield
In times of high uncertainty, Kiani potentially faces another minefield - Pakistani politics. Hamid Hussain, a New York-based analyst of Pakistani security affairs, says Kiani might be dragged in.

A confrontation between the increasingly assertive Pakistani Supreme Court and coalition civilian administration looms after the court scrapped Musharraf's political amnesty in 2007, causing major embarrassment to the government and led to the reopening of many corruption cases against ministers. Zardari to this point has been spared intense scrutiny into alleged corruption due to presidential immunity.

Hussain says an open confrontation between the two state institutions would almost certainly push Kiani, as leader of the most powerful institution in the country, to intervene.

"If the Supreme Court decided to go after the president and if a crisis occurs then he may have to come in," Hussain says. "And depending on his own inclination, whether he sides with the judiciary to let the president get out of that place, that's the only crisis I potentially see. [One] in which, he has to come in and arbitrate with different players."

Already, Kiani's behind-the-scenes maneuvers have been credited with the reinstatement in 2009 of current Pakistan chief justice Iftikhar Muhammad Chaudhry, who was twice sacked by Musharraf.

Given the military's tremendous clout, its disagreements with the civilian leaders are not inevitable. An example is a less pronounced disagreement over the way forward in the FATA, which currently is the biggest theater for the Pakistani military. In August 2009, Zardari announced reforms of its century-old, British colonial-era legal and administrative regime. But the military vetoed the announcement, according to senior politicians who see Kiani as loyal to the army's political interests.

The current desperate humanitarian crisis at home might prompt calls for a more direct political role for the military. In that light, Kiani's biggest challenge yet could prove to be continuing to buck tradition by supporting the civilian government and ensuring that the political system remains on course.

With a clean break from the legacies of his predecessors, Kiani's military brilliance could serve Pakistan well as it continues down a path of democracy.

Copyright (c) 2010, RFE/RL Inc. Reprinted by Asia Times

14.8.10

O Paquistão numa crise de proporções colossais

O primeiro-ministro paquistanês, Yusuf Raza Gilani, afirmou ontem serem já 20 milhões os seus compatriotas afectados pelas piores inundações de que há memória no país, um cálculo muito superior ao dos 14 milhões que as autoridades anteriormente tinham comunicado às Nações Unidas.
O chefe do Governo deu a notícia durante o Dia da Independência, que este ano não teve cerimónias públicas devido ao estado de calamidade causado pelas chuvas de monção.
A ONU já confirmou pelo menos um caso de cólera entre as vítimas, no vale de Swat, e disse que seis milhões de paquistaneses irão morrer se a comunidade internacional não os ajudar o mais depressa possível.
O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, é este fim-de-semana aguardado no país, para ser testemunha ocular da tragédia, que tende a aumentar, pois que as chuvas deverão cair ainda durante mais um mês.
Os serviços de saúde estão a incrementar o combate às doenças provocadas pela situação que se vive nas áreas inundadas. E Gilani insistiu em que há 20 milhões de pessoas de uma forma ou outra afectadas, se bem que não tenha explicado quantas é que estarão apenas temporariamente impedidas de fazer uma vida normal, até as águas descerem, e quantas é que perderam por completo todos os seus haveres, sem qualquer hipótese de os recuperar. Isto num país de 180 milhões de habitantes.
Tanto os militares como as instituições humanitárias ligadas a grupos islamistas têm procurado minimizar o sofrimento do povo paquistanês, mas as agências das Nações Unidas já forneceram auxílio a centenas de milhares de vítimas.
Ao sublinhar a escala do desastre, Yusuf Gilani disse que o país enfrenta desafios semelhantes aos verificados aquando em 1947 se verificou a partilha do subcontinente, entre uma Índia predominantemente hindu e um Paquistão maioritariamente muçulmano.
O Governo paquistanês tem vindo a ser acusado de demasiada lentidão na resposta a uma crise de tão grandes proporções e o mal-estar avoluma-se dia para dia, com a hipótese de uma enorme agitação social.
“A crise deu mais um golpe na fé do povo paquistanês no seu Governo civil; fortaleceu a posição do Exército; e, o que é mais preocupante, poderá ter dado aos islamistas a oportunidade que há muito esperavam”, escreveu a revista norte-americana Time.
Alguns analistas, citados pelos jornais norte-americanos da cadeia McClatchy, afirmam que o Presidente Asif Ali Zardari poderá ser derrubado, possivelmente pelas Forças Armadas, que já governaram o Paquistão durante mais de metade dos seus 63 anos como país independente.
Outros peritos experts admitem que o próprio Estado se poderá desmoronar, com a fome a pobreza a desencadearem explosões de cólera popular que já se estão a esboçar, devido ao grande desemprego, ao elevado preço dos combustíveis, à corrupção e à rebelião dos extremistas aliados à rede Al-Qaeda, de Osama bin Laden.
Najam Sethi, editor do semanário Friday Times, de Islamabad, disse estar já a ser debatida a formação de uma espécie de governo de salvação nacional, com ou sem o Partido do Povo do Paquistão (PPP), de Zardari, viúvo da antiga primeira-ministra Benazir Bhutto.

2.8.10

A Índia vai ser o mais populoso dos países

A Índia vai ser, indubitavelmente, dentro de 40 anos, o país mais populoso do mundo, com 1.748 milhões de habitantes, quase um quinto da humanidade, revela o anuário 2010 do Population Reference Bureau, dos Estados Unidos.
A China, actualmente em primeiro lugar, com 1.338 milhões de cidadãos, desce para o segundo, com 1.437 milhões. E os Estados Unidos conservam a terceira posição, passando de 310 para 423 milhões de habitantes.
Quando ao grande rival da Índia, o Paquistão, sobe do sexto para o quarto lugar, tornando-se o país muçulmano mais populoso, com 335 milhões, e trocando de posição com a Indonésia, que se deverá ficar pelos 309 milhões.
Já o Brasil, com uns previstos 215 milhões, cede o quinto lugar no pódio à Nigéria, que deverá chegar aos 326 milhões, e é relegado para a oitava posição, atrás do Bangladesh, para o qual se admitem 222 milhões.
A Rússia deixa de constar dos top ten, pois a sua população deverá decrescer dos actuais 142 milhões para 140,8 em meados de 2025 e 126,7 em 2050. E o mesmo acontece com o Japão, que de 127 milhões desce para uns meros 95 milhões.
Os lugares de russos e japoneses, respectivamente o nono e o décimo, passam para africanos, respectivamente os naturais da Etiópia e da República Democrática do Congo.

Portugal entre os mais velhos

Os países desenvolvidos estão a envelhecer e aumentam pouco de população, enquanto os que ainda estão por desenvolver permanecem jovens e a crescer.
Portugal é hoje em dia um dos seis países com mais população acima dos 65 anos, só ultrapassado neste campo pelo Japão, Alemanha, Itália, Suécia e Grécia.
Aliás, os alemães vão deixar de ser o povo mais populoso da Europa Ocidental, cedendo a primazia aos britânicos, que dos 62,2 milhões actuais sobem para 68,6 em 2025 e 77 milhões em 2050.
Portugal, depois de aumentar um pouco de população nos próximos 15 anos, deverá voltar em 2050 aos actuais 10,7 milhões, segundo os dados que os Estados Unidos acabam de divulgar.
No seu todo, a população mundial vai passar para 8.108 milhões em 20025 e para 9.485 milhões em 2005, sendo estes distribuídos por 8.159 milhões nos países menos desenvolvidos e por apenas 1.326 milhões nos mais desenvolvidos.
Por continentes, a Ásia e a África vão ficar nas próximas quatro décadas com a parte de leão da humanidade, respectivamente 5.424 milhões e 2.084 milhões. Juntos, asiáticos e africanos representarão mais de três quartos de toda a espécie humana.
Em muitas partes do mundo, nomeadamente na África subsariana e na Ásia meridional e central, as populações rurais ainda não têm um saneamento adequado, destaca-se neste trabalho do Population Reference Bureau, que funciona em Washington.
Duas grandes tendências destacadas na população actual são a natalidade cronicamente baixa nos países desenvolvidos e o facto de nos países menos desenvolvidos estarem a nascer em cada ano mais de 80 milhões de crianças.

UE desiste de reestruturar as tropas guineenses

A União Europeia (UE) anunciou ontem que não renova a missão para a reforma do sector da segurança na Guiné-Bissau, uma vez que o país não tem vindo a respeitar os princípios próprios de um Estado de Direito.
Bruxelas entende que o quadro político-militar guineense poderá estar a violar os direitos humanos e a democracia, pelo que já o mês passado dissera estar a reexaminar a sua ajuda ao desenvolvimento daquela antiga colónia portuguesa.
Lançada em Junho de 2008, a missão da UE vai assim terminar no próximo dia 30 de Setembro, ao expirar o seu actual mandato. “A instabilidade política e a falta de respeito pelo primado da lei tornam impossível à UE dar seguimento à missão, ao contrário do que inicialmente se previa”, explica-se no comunicado de ontem.
Dia 1 de Abril, tropas comandadas pelo vice-chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, general António Indjai, prenderam o chefe do mesmo Estado-Maior, almirante Zamora Induta, que continua detido e entretanto foi demitido pelo Presidente Malam Bacai Sanhá.
Desde então, a UE, tal como uma série de outras entidades, tem-se manifestado preocupada com a impunidade do general Indjai, que até foi designado para o lugar deixado em aberto por Induta. No comunicado de Bruxelas afirma-se que esta designação (de alguém que em 1968 entrara na guerrilha pela independência) confirma não estarem reunidas as condições para que prossiga a missão europeia para a Reforma do Sector de Defesa e Segurança na Guiné-Bissau.
No mês passado, os Estados Unidos afirmaram que também eles não poderiam colaborar nos esforços internacionais de reforma das Forças Armadas guineenses enquanto nas mesmas continuassem a existir oficiais suspeitos de ocuparem lugares de relevo nas redes de narcotraficantes existentes na África Ocidental.
Esta semana, as autoridades da Guiné-Bissau disseram concordar com o envio de uma força de estabilização para o país, de modo a impedir novos episódios de tensão político-militar, muitas vezes protagonizados por oficiais que começaram a carreira das armas ainda adolescentes, há umas largas quatro décadas.
À saída de uma reunião do Conselho de Defesa Nacional, o porta-voz presidencial Soares Sambu afirmou que seriam agora iniciadas as formalidades necessárias para a materialização de tal força, alvitrada pela União Africana e pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
O secretário de estado português dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Gomes Cravinho, já disse à Lusa, em Timor-Leste, que não deverão ser necessárias tropas de Portugal na Guiné-Bissau, apesar da decisão guineense de aceitar uma força de estabilização internacional.
“O mais provável é que seja uma missão predominantemente africana”, admitiu Cravinho.