30.3.13
Mali: França reduz a sua presença
France will reduce the number of its troops fighting in Mali to 1,000 by the end of the year, President Francois Hollande says.
"We have achieved our objectives," Mr Hollande said in a TV interview.
He said troop levels would be halved to 2,000 by July. Withdrawals are due to start next month.
A French-led intervention that began in January has taken back the main cities of northern Mali from Islamist groups, though fighting continues in the north.
Mr Hollande acknowledged that one goal, the release of six French hostages being held in the Sahel, had still not been achieved.
He stressed that France would not pay ransoms to get the hostages freed. It is feared that one of the hostages has already been killed.
The French president also said he was determined that Mali should hold elections as planned in July, though he said France would not back any favoured candidate.
"The time when France chose African heads of state is over," he told France 2 TV channel in a wide-ranging interview.
Islamist groups took over major cities, including Gao, Kidal and Timbuktu, in the aftermath of a coup in March 2012. They imposed a strict form of Islamic law in the area.
France intervened after saying the al-Qaeda-linked militants threatened to march on the capital, Bamako.
Troops from several West African countries have been deploying to Mali to take over from the French-led mission.
The African force currently numbers about 6,300 soldiers.
BBC
9.3.13
Mali: problema euro-africano
A Europa demorou muito tempo a compreender as convulsões que há um ano se estavam a verificar no Sara e no Sahel. Agora, a França acordou, com uma intervenção em força no Mali; mas isto é apenas o princípio do muito que resta por fazer.
Jorge Heitor/revista Além Mar
Perante a ambiguidade da Alemanha e de outros países, que teimam em perceber que a Argélia e o Mali são nossos vizinhos, que ficam bem mais perto de nós do que o Afeganistão, o presidente François Hollande tomou a atitude corajosa de ajudar as autoridades malianas a evitar que o fundamentalismo islâmico se apossasse de Bamaco, a capital, de onde facilmente passaria para o Senegal e a República da Guiné. Acção decisiva A França foi decisiva para a reconquista das cidades do Centro e do Norte do Mali que tinham sido ocupadas pelos islamitas, numa África Ocidental onde os jihadistas se associam por vezes aos narcotraficantes para estender um vasto manto de insegurança que vai da Mauritânia ao Níger e até mesmo à parte setentrional da Nigéria.
Resta agora perceber que o que foi feito em algumas semanas terá de ser consolidado ao longo de vários anos, para que se consiga de facto reduzir de forma substancial a actividade da Al Qaeda no Magrebe Islâmico (AQMI), uma rede que a partir das fronteiras do Sara Ocidental toca em território argelino e se propaga até ao Chade, passando pelas terras dos tuaregues.
Mergulhada na sua própria crise, a União Europeia não compreendeu a tempo e horas tudo o que de grave se estava a passar há 13 ou 14 meses no Norte da África e no território saheliano pelo qual ela se prolonga. Não conseguiu visualizar o que seria o risco de a Mauritânia, o Mali, o Níger, o Chade e o Sudão constituírem uma vasta zona de fundamentalismo islâmico; desde o Atlântico até ao Mar Vermelho.
O objectivo bem claro da Al Qaeda é ir desde as costas da Mauritânia ao Iémen e à Somália, impondo em todas essas terras um radicalismo que não interessa nem às respectivas populações nem aos povos que vivem na Bacia do Mediterrâneo. Note.se que, nem sequer a maior parte dos muçulmanos africanos simpatizará com a jihad.
Precipitações
Actos algo imponderados, como o foram a dissolução das Forças Armadas do Iraque e a destruição impiedosa de tudo o que havia no sistema em vigor na Líbia, levaram nesses países à criação de situações de caos que ninguém desejará ver repetidas. Nem no Mali, nem na Argélia nem em outras partes. O risco é, recordemos, que a destruição de regimes que são maus possam gerar situações bem piores, de anarquia e de profundo radicalismo.
A pressa que a França e o Reino Unido tiveram em desmantelar o sistema tutelado pelo coronel Muammar Khadafi desencadeou forças destrutivas que levaram à divisão do Mali em dois e à proclamação na metade superior do Estado de Azawad, onde os nacionalistas tuaregues acabaram por ser ultrapassados pelos fundamentalistas da AQMI, entrincheirados na fronteira com a Argélia.
A actividade francesa no Mali foi um ponto de partida para que em breve forças da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), e porventura capacetes azuis das Nações Unidas, se instalem no terreno e evitem a concretização dos desígnios da grande Rede islamista que gostaria de apertar as suas malhas desde as areias do Sara Ocidental ao Oman e ao Afeganistão.
Evitar o pior
Tombuktu, Gao, Niamey, Sokoto, Kano, Zaria e Maidougari não podem passar para as mãos dos fundamentalistas islâmicos, sob pena de os países situados em redor dos Mediterrâneo se sentirem eles próprios em perigo e profundamente isolados dos que vivem para sul do Sahel, como a Serra Leoa, a Libéria, o Gana e a Costa do Marfim.
Permitir uma vasta faixa islamista desde a Mauritânia aos desertos da Líbia e da Núbia seria cavar um fosso ainda muito maior do que o é o Mediterrâneo, fosso esse que faria com que a sul do Trópico de Câncer vigorasse um quotidiano de medo e de radicalismo, do tipo dos taliban.
Portanto, para que tal não aconteça, a União Europeia e o Ocidente em geral devem deixar-se de ambiguidades, não atribuindo menos importância aos assuntos da África do que aquela que pretendem dar aos casos do Irão, do Iraque, do Afeganistão, do Paquistão ou da Síria. Muita coisa de interesse para a Humanidade está a ser julgada no Mali e nos países vizinhos. É preciso que Bruxelas, Berlim e Washington o compreendam.
Primaveras sombrias
Um dos erros mais crassos do Ocidente, nos últimos dois anos, teria sido o ingénuo entusiasmo com que apadrinhou ou aplaudiu as ditas Primaveras árabes, que iriam supostamente liberalizar os sistemas político-administrativos da Tunísia, da Líbia e do Egipto.
Isso não aconteceu, ou pelo menos ainda não aconteceu como se esperava. Enganaram-se todos os que supunham que em 18 ou 20 meses os tunisinos, os líbios, os egípcios ou os iemenitas iriam passar a viver em moldes algo equiparáveis aos dos franceses ou dos italianos.
Em vez de liberalização, tivemos muitas vezes uma deriva para o radicalismo islamista. A queda de Khadafi, por exemplo, abriu uma caixa de Pandora de onde saíram facções e tribos rivais prontas a desestabilizar tanto as diversas partes componentes da Líbia (Tripolitânia, Cirenaica e Fezânia) como até mesmo alguns outros países.
"De boas intenções está o Inferno cheio", é o que se poderia responder aos que embandeiraram em arco com a Primavera Árabe; ou com as várias primaveras que estariam subitamente a florir por todo o mundo árabe.
Europa, tigre sem dentes
Em termos de estratégia militar, de defesa comum, a Europa baseada na amizade franco-germânica, a União Europeia (UE), é um autêntico tigre sem dentes, que nunca conseguiu dotar-se de uma força de 50.000 ou 60.000 soldados, para marcar posição no Mundo; para proteger os seus interesses.
Foi por isso, por não haver regimentos tácticos conjuntos de alemães, franceses, polacos, checos e outros, que a França avançou agora sozinha para o Mali, com o mesmo fervor com que no século VIII enfrentara em Poitiers as investidas muçulmanas que se verificaram a partir dos Pirinéus, idas das terras hispânicas.
A França, a Alemanha, a Holanda, o Reino Unido e o resto da UE não foram capazes, nestes últimos 20 anos, de constituir um Exército comum, que eventualmente defendesse os seus interesses no Sara e no Sahel, ao mesmo tempo que protegesse as populações desses territórios de uma desnecessária radicalização islâmica, de um fundamentalismo pretensamente baseado nos princípios da Sharia.
Fanatismo religioso
O fanatismo de alguns muçulmanos aumentou tremendamente nos últimos anos e não é a simples captura ou assassínio de pessoas como Osama bin Laden que o vai resolver. A acção tem de ser muito mais enérgica e bem estudada, num esforço comum de todos os que compreendem a ameaça, mostre-se ela no Afeganistão, no Iémen, no Bahrein ou no Norte da Nigéria.
A guerrilha planetária travada em nome de Allah vai de vento em popa, não se podendo ficar seguro pelo simples facto de as tropas franceses terem agora durante algumas semanas conseguido fazer retroceder o perigo islamista, que de um momento para o outro poderá ressurgir, sob as mais diversas formas.
A África actual, a África que se situa entre o Sara e a savana, é um novo Afeganistão, pelo que, por exemplo, na Argélia poderão explodir os gasodutos que trazem combustível para a Europa. E tanto o Mali como o Níger e o Chade correm o risco de se transformar em novas Somálias, países sem rei nem roque, sem administração central.
Intervenções pontuais, como a francesa, poderão diminuir durante algum tempo a miséria de milhões de africanos, mas só uma actuação muito coesa, muito bem estruturada, poderá realmente, a longo prazo, ter o êxito que se deseja.
Quénia: De novo um Kenyatta na Presidência
O país da África Oriental onde agora foi eleito Presidente Uhuru Kenyatta, de 51 anos, é um legado do pai deste, Jomo Kenyatta, político que nasceu no fim do século XIX com o nome de Kamau wa Ngengi, na aldeia de Ngenda, no centro de um território então colonizado pelos britânicos. Convertido ao cristianismo em 1914, recebeu na pia baptismal a designação de John Peter e alterou-a depois para Johnstone Kamau, numa das muitas aclimatações que iria fazendo ao longo da vida. Só em 1938 é que viria a ser Jomo Kenyatta, “o dardo cintilante do Quénia”, em kikuyu, quando publicou a tese de antropologia social Facing Mount Kenya, que se tornaria uma espécie de bíblia do sentimento emancipalista de todo um povo. Primeiro-ministro em 1963-1964, aquando da proclamação da independência, veio a ser Presidente a partir daí e até à morte, em 1978.
5.3.13
Moçambique tem Centro de Integridade Pública
Desde o boom de recursos naturais, o CIP tem estado a alertar para o facto de que, enquanto o debate público se concentra em torno dos beneficios dos megaprojetos, a nomenclatura, que tem acesso privilegiado à informação sobre a localização de recursos naturais em Moçambique, está a distribuir, entre si, licenças de prospecção e pesquisa mineira, sem transparência.
A venda destas licenças tornou-se num padrão de acumulação de riqueza fácil no seio da nomenclatura. Dada a magnitude do assunto, o CIP torna acessivel, na sua página da internet, o cadastro mineiro da República de Moçambique, que mostra milhões de hectares de terra tramitados a favor da elite politica, sem o conhecimento das comunidades, em todos os distritos do país.
O cadastro mostra nomes sonantes e bem conhecidos, mas fundamentalmente empresas da nomenclatura e da Holding do partido Frelimo, a SPI Gestão e Investimentos Limitada, na posse de licenças. Ao longo deste ano, o CIP vai publicar uma série de Newsletters mostrando os donos e as ligações das empresas que detêm as licenças. Siga o link para consultar o cadastro mineiro.
http://www.cip.org.mz
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Se quiser receber informação produzida e/ou circulada pelo CIP, escreva para o endereço que se segue. Se não quiser, por favor comunique pela mesma via.
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CENTRO DE INTEGRIDADE PÚBLICA
Boa Governação-Transparência-Integridade
Rua Frente de Libertação de Moçambique (ex-Pereira do Lago), 354, r/c.
Tel: 00 258 21 492335
Fax:00 258 21 49234
Caixa Postal:3266
Email: cip@cip.org.mz
Web: www.cip.org.mz
1.3.13
A importância dos Estudos Africanos
The strategic importance of African Studies within universities is an unresolved debate. For the detractors, African Studies would best be integrated into disciplines like Anthropology, Political Science, History or Art History. A worse-case scenario would see African Studies simply disappear and give way to more ‘promising’ disciplines like technology or management. Do African Studies programmes – like Social Sciences in general – not train the future generation of unsuccessful job-seekers? That question is all wrong.
African Studies matter for countless reasons. Africa is the continent of the 21st Century. It matters in terms of economic growth potential, natural resource supplies and geo-politics. Arena of radical Islam or battle ground in the search for undiscovered tropical plants that will cure new diseases? Africans and Africans of the diaspora are key players in the world of culture. The US now imports more of its oil from Africa than from the Middle East. Potential yes, but problems too. These include sever hunger and poverty, AIDS/HIV, violent conflict, shifting balance-of-power struggles, eg the emergence of China and India on the continent. The failure of many development schemes results from the pressure on technocrats who have to solve problems without taking the time to think through processes and viadynamics. African Studies has the duty to train the thinkers.
As Africa becomes increasingly globalized, Europe and the US need area experts who can play a pro-active role in addressing the challenges of Africa, but also participate in the multiple opportunities the continent offers. We need experts that are culturally sensitive, fluent in local languages, empathetic, capable of creatively thinking through problems and finding solutions. African Studies in our universities have a role to play here. Our former students are also unavoidable networkers, the bridges between our universities and African decision-makers and entrepreneurs. There is certainly room for improvement in the way we train area specialists and this should be part of the debate – but this should not be a pretext to dispense entirely with African Studies teaching and research.
Europe and the US have tough decisions to take about involvement in and engagement with Africa. This will be a calamity without the input of experts. Drones and satellites can provide information – but our students and researchers can provide the far more important analysis and understanding of local realities.
Theodore Trefon --- via Professor Eduardo Costa Dias
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