Uma das mais belas vozes da intelectualidade lusófona destes últimos anos é a do angolano que usa o nome literário de Ondjaki e que descreve como ninguém a geração nascida depois de o seu país já haver alcançado a independência.
Desesperados como muitos estamos com o rumo das nossas terras, é um bálsamo ler estórias como as de Os da MInha Rua, editadas há poucos meses pela Caminho.
As suas flores alegram os meus dias e raramente gostei tanto de um escritor, desde que há 40 anos li Autobiografia Prematura, do russo Evgueni Evtushenko, que tive a oportunidade de conhecer quando ele então visitou Lisboa, depois de haver ido conhecer Fátima.
Ao Ondjaki viu-o num destes últimos anos na Feira do Livro, no Parque Eduardo VII, em Lisboa, mas não ousei aproximar-me dele, tal o respeito que a sua grandeza me inspira. Contemplei-o de longe como se de um deus se tratasse, uma realidade superior à dos mortais.
Inspirado inclusive na literatura moçambicana de Mangas Verdes com Sal, de Rui Knopfli, e Nós Matámos o Cão Tinhoso, de Luís Bernardo Honwana, este jovem Ndalu (o verdadeiro nome de Ondjaki) ergueu-se a alturas que se julgariam impensáveis numa República que poucos mais anos tem do que ele.
"Uma casa está em muitos lugares...É uma coisa que se encontra", lê-se nas palavras do grande e poético prosador. Assim é também o meu amor pela sua escrita. Vai-se desenvolvendo em cada novo livro.
Jorge Heitor
Barrancos, 27 de Abril de 2007
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