1.7.10

Nzita não aceita ser posto à margem e reage mal

Na qualidade de fundador de Frente de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC), Nzita Henriques Tiago acusou de alta traição o vice-presidente Alexandre Tati Buílo e outros três dirigentes, que revogou das suas funções, depois de eles o terem afastado da direcção efectiva.
Num comunicado hoje enviado ao PÚBLICO, em francês, por seu neto Jean-Claude Nzita, presidente da comunidade cabindesa na Suíça, o velho político deste movimento que quer ser independente de Angola, diz ter afastado Buílo, o chefe da segurança, Moisés Carlos, o “encarregado de missões na presidência”, Veras Luemba Luís, e o chefe do Estado-Maior General, Estanislau Boma. Estas decisões, diz o comunicado do líder que este mês completa 83 anos, têm efeito a partir do dia de ontem.

Segundo este texto, os novos vice-presidente, chefe do Estado-Maior e chefe da segurança serão nomeados posteriormente. Mas os comandantes das diferentes regiões militares da guerrilha devem permanecer nos seus postos até nova ordem.

Ontem, o Alto Comando das Forças Armadas Cabindesas Unificadas (FACU) fez saber que decidira retirar a Nzita Henriques Tiago “todas as responsabilidade políticas no seio da FLEC”, o movimento criado em 1963 para lutar pela autodeterminação do território.

Este foi mais um episódio da agitada história do movimento, que não aceita o estatuto de Cabinda como simples província de Angola.

O mesmo órgão supremo militar da Frente de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC) designou o vice-presidente Alexandre Tati Builo “para assumir todos os cargos da direcção” do grupo independentista. E adiantou que Nzita Henriques Tiago ficaria com o título honorário de “Líder Histórico, Herói Nacional e Património do Povo de Cabinda”.

O comando militar afirmava que, mesmo na reforma, Tiago permaneceria “o grande timoneiro e conselheiro da FLEC”, o que pelos vistos ele não achou suficiente, a acreditar no texto hoje distribuído por seu neto.

Ao longo dos anos, a FLEC tem-se dividido periodicamente em diferentes facções, que ocasionalmente se reagrupam, para depois se cindirem em outros grupos ou tendências, numa agitação permanente.

Em Janeiro, elementos afectos a uma das alas do movimento independentista atacaram a selecção togolesa que ia participar em Cabinda no campeonato africano de futebol. Morreram então duas pessoas, pelo que a equipa do Togo acabou por se retirar da competição.

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