Alpha Condé, adversário histórico de todos os regimes que se têm sucedido na República da Guiné (Conacri), foi a noite passada proclamado vencedor da segunda volta das presidenciais, com 52,5 por cento dos votos expressos dia 7.
Condé já fora candidato presidencial em 1993 e 1998, sendo um nome marcante na política que se faz na África Ocidental.
Aos 72 anos, o líder da União do Povo da Guiné (RPG, segundo a sigla em francês) conseguiu 1.474.666 votos, contra os 1.333.666 (47,4 por cento) que foram para o antigo primeiro-ministro Cellou Dalein Diallo, que horas antes se considerara ele próprio vencedor, tendo havido durante o dia de ontem confrontos em que se registaram pelo menos um morto e dezenas de feridos. Diallo disse mesmo à AFP terem sido dois os mortos.
A proclamação dos resultados da segunda volta foi feita pelo presidente da Comissão Eleitoral Nacional Independente (CENI), o general Siaka Sangaré, do Mali, tendo o nível de afluência às urnas sido de 67 por cento.
Ontem à noite, pouco depois do anúncio da vitória do político de etnia mandinga ouviram-se disparos em diferentes bairros da cidade de Conacri, capital de um país que é independente desde 1958 e que tem 10 milhões de habitantes, sendo o vizinho meridional da Guiné-Bissau.
A segunda volta das presidenciais verificou-se mais de quatro meses depois da primeira, que fora no dia 24 de Junho, tendo agora Condé apelado à concórdia e à fraternidade, dizendo que “é tempo de trabalhar pela reconciliação nacional”.
O antigo professor de Ciências Políticas na Universidade de Paris, que de 1998 a 2001foi um preso político, afirmou estender “uma mão fraterna” a Cellou Dalein Diallo, para a “edificação de uma Guiné unida e próspera”.
Quanto ao derrotado, solicitou aos seus apoiantes que evitassem violências, aguardando que as suas alegações de fraudes sejam examinadas pelo Supremo Tribunal, ao qual cabe confirmar os resultados provisórios anunciados ontem à noite pela CENI.
Na primeira volta, Diallo conseguira 43 por cento dos votos expressos e Condé 18 por cento, mas o Supremo anulara um terço dos votos, tendo depois disso o jogo das alianças permitido ao político mandinga recuperar o atraso que o separava do seu adversário fula.
O general Siaka Sangaré informou que a CENI recebeu 31 queixas, 21 das quais da União das Forças Democráticas da Guiné (UFDG), de Cellou Dalein Diallo, economista de 58 anos que de 2004 a 2006 foi primeiro-ministro, durante a presidência de Lansana Conté, que esteve no poder de 1984 a 2008.
No dia 23 de Dezembro de 2008 assumiu o controlo do país o Conselho nacional para a Democracia e o Desenvolvimento, devendo agora essa junta militar ceder o lugar ao Presidente eleito, que terá a seu cargo o melhor aproveitamento possível dos numerosos recursos naturais existentes, incluindo 25 por cento das reservas mundiais de bauxite, o minério a partir do qual se produz alumínio. Entre os outros metais guineenses também se contam diamantes e ouro, mas mesmo assim o Produto Nacional Bruto per capita ainda não vai acima dos 1.000 dólares (apenas um décimo do brasileiro), sendo a República da Guiné considerada pelas Nações Unidas território com um Desenvolvimento Humano Baixo.
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