25.9.12
As múltiplas razões da revolta portuguesa
Se trabalhais há mais de 40 anos e ainda não tendes casa própria, é plenamente justificável que vos revolteis.
Se trabalhais há mais de 36 anos e ainda não tendes uma viatura em condições, é plenamente razoável que vos revolteis.
Se trabalhais no duro há mais de 30 anos e ainda não tendes 12.000 euros de poupança, para a velhice, é plenamente lícito que vos revolteis.
Se trabalhais seriamente desde os 18 anos e aos 47 ainda não auferis um rendimento mensal superior a 1.300 euros, é profundamente aceitável que vos revolteis.
Se o cidadão andou a estudar durante 12 anos e depois, aos 19/20, não encontra trabalho, é perfeitamente aceitável o seu descontentamento.
Se não tendes um centro de saúde a menos de oito quilómetros de casa, é admissível o vosso grito de revolta.
Se precisais de ir antes das oito horas da manhã para um centro médico a fim de garantir consulta, é de toda a justiça que vos revolteis.
Se há ordenados abaixo dos 640 euros por mês, é caso para que toda a nação se revolte.
Se há 16 por cento dos portugueses dos 18 aos 65 anos que estejam no desemprego, é caso para o descontentamento geral.
Se uns têm duas ou três viaturas e outros nem uma só é caso para revolta.
Se uns ganham 4.900 euros mensais e outros apenas 870, é caso para reflectir e para concluir que muito está ainda por fazer.
O estado do país nestes últimos 13 anos é deveras alarmante. É decerto muito diferente do desejável; e daquilo que teríamos previsto em 1974/1975/1976.
O estado de Portugal é desesperante. É preciso dizê-lo. É preciso gritá-lo. Eu escrevi isto no fim de 2007 e aqora repito-o, quase que sem alterações; uma vez que quase nada melhorou de então para cá. J.H.
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