15.7.07

A dança dos generais angolanos

A actualidade política angolana deste último fim-de-semana foi dominada pela detenção, sexta-feira, dia 13, do general Fernando Garcia Miala, antigo vice-ministro do Interior para a Segurança e ex-chefe do Serviço de Inteligência Externa (SIE), ao qual fora instaurada uma sindicância em Fevereiro do ano passado.
Na sequência de um despacho de pronúncia de um juiz do Supremo Tribunal Militar, general António dos Santos Neto, “Patónio”, foram detidos não só Miala mas, também, o coronel Miguel Francisco André, antigo director-geral adjunto do SIE, a tenente-coronel Maria da Conceição Domingas, ex-directora da Contra Inteligência Externa, e o tenente-coronel Ferraz António, director de Estudos e Planeamento.
Sobre todos eles pende a acusação de se terem recusado a ir ao Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas, a fim de que se concretizassem as ordens do comandante-chefe José Eduardo dos Santos, decididas depois de concluída a sindicância do ano passado. Nessa altura foi dito, entre outras coisas, que o SIE não tinha apresentado ao Chefe de Estado documentos sobre o seu planeamento e funcionamento no período 2005/2006, estando até a sobrepor-se a funções atribuídas a outros serviços e a usurpar competências que só deveriam caber a José Eduardo dos Santos.
Miala e os demais elementos deste processo deveriam ter ido ao Estado-Maior para serem despromovidos em cerimónia pública e colocados compulsivamente na reforma, depois de as autoridades haverem concluído que os SIE estariam a ser transformados num “instrumento pessoal”. Chegou-se mesmo a dizer que o antigo chefe da “secreta” perdera as boas graças do Presidente da República devido às manobras de outros dois generais: Hélder Vieira Dias, “Kopelipa”, e José Maria, respectivamente chefe da Casa Militar de José Eduardo dos Santos e responsável pelos serviços secretos militares.
Entretanto, no princípio deste mês havia em Luanda rumores, veículados designadamente pelo semanário Angolense, de que o próprio “Kopelipa”, igualmente director do Gabinete de Reconstrução Militar, teria começado ultimamente a perder parte da extrema importância que tem tido nos últimos anos. Jorge Heitor 15 de Julho de 2007

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