7.8.07

Cabo Verde pretende estreitar laços coma UE

Cabo Verde pretende, ainda durante a presidência portuguesa da União Europeia (UE), desenvolver uma parceria especial com esta que “optimize todas as potencialidades do acordo de Cotonou”, sobre as relações da Europa com os países da África, Caraíbas e Pacífico (ACP), declarou ontem ao PÚBLICO, em Lisboa, o ministro cabo-verdiano dos Negócios Estrangeiros, Victor Borges.
“Queremos sair da lógica da ajuda pública ao desenvolvimento; e manter um diálogo político, que englobe os campos económico, financeiro e orçamental”, acrescentou o ministro, que tem vindo a procurar que o seu país seja ouvido em todas as questões que digam respeito às ameaças que possam pairar sobre a Europa e os Estados Unidos. Designadamente problemas de imigração clandestina, crime organizado e narcotráfico.
“A Europa não pode conter todas as ameaças pensando só no ex-bloco soviético, no Cáucaso e no Mediterrâneo. Há que incluir os arquipélagos do Atlântico numa visão global”, argumentou Borges, segundo o qual “não são desafios fáceis” os que se apresentam à próxima cimeira de Lisboa, entre a UE e a África.
No seu entender, não é suficiente o diálogo euro-mediterrânico, sendo preciso que a reformulação do relacionamento dos europeus com o resto do mundo passe necessariamente por um estreitamento de laços entre Açores, Madeira, Canárias e Cabo Verde, arquipélagos que na Cidade da Praia são referidos como Macaronésia; ou Ilhas Afortunadas.
O regime que é presidido por Pedro Pires e que tem como primeiro-ministro José Maria Neves, ambos do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), procura desenvolver relações comerciais, económicas e de segurança com as duas regiões autónomas portuguesas e, também, com as Canárias. Para que se “aproveitem as sinergias”, como diz este ministro de 52 anos que desde Abril de 2004 coordena a diplomacia crioula.
Uma das mais recentes alterações da política externa de Cabo Verde, nas últimas semanas, foi o congelamento do reconhecimento em 1979 acordado à República Árabe Sarauí Democrática (RASD), proclamada pela Frente Polisário na parte do Sara Ocidental que faz fronteira com a Argélia.
Disse Victor Borges que tal decisão “traduz a atitude de procura de coerência com o processo negocial em curso entre Marrocos e a Polisário, sob a égide das Nações Unidas”. Jorge Heitor

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