6.8.07

Falta de respeito pelo sofrimento na Serra Leoa

A Serra Leoa tem vindo a aparecer desde há anos nos lugares mais baixos do Índice de Desenvolvimento Humano, com uma esperança de vida de apenas 41 anos e um PIB por habitante de 220 dólares. Muitas das suas crianças não têm tido nada para comer e 10.000 delas combateram como soldados numa guerra civil que durou 10 anos e é o pano de fundo para o filme Diamante de Sangue, de Edward Zwick, filme esse que o Inatel passou dia 1 de Agosto, ao ar livre, no estádio a que já evita chamar Primeiro de Maio, tratando-o pura e simplesmente por Estádio do Inatel, como se já não fosse de bom tom lembrar o Dia do Trabalhador.
O extraordinário mau gosto é o facto de a apresentação dessa obra algo documental sobre um dos grandes dramas das últimas décadas ter sido precedida por um alegado jantar temático em que se serviram “crocantes de mandioca, vitela à Serra Leoa e diamantes de manga”. Que mente doentia é que se teria lembrado de criar esta ementa, profundamente ofensiva para todas as vítimas da tragédia serra-leonesa?
Na programação desta Festa do Cinema, que decorre entre 28 de Julho e 11 de Agosto, o Diamante de Sangue foi passado entre Homem-Aranha e Mr. Bean em Férias, como se tudo isto fosse um enorme entretenimento, incluindo as inenarráveis atrocidades que se verificaram durante a guerra na Serra Leoa.

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