29.9.10

David Miliband inicia travessia do deserto

David Miliband, antigo ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, anunciou hoje que necessita de “recarregar as baterias”, pelo que não fará parte do gabinete sombra que está a ser preparado pelo seu irmão Ed, no sábado eleito novo líder do Partido Trabalhista.

David, que perdeu a corrida à liderança por pouco mais de um por cento, declarou à BBC que a decisão de não ficar na linha da frente da política que se faz no Reino Unido é a mais adequada para ele, para a família e para o Labour.

No entanto, aquele expoente da linha do antigo primeiro-ministro Tony Blair esclareceu que continuará a servir o partido a que pertence e que não exclui a hipótese de um dia voltar a desempenhar funções de relevo.

Havia uma certa especulação quanto ao futuro do antigo condutor da política externa britânica, desde que no sábado foi anunciado o resultado da corrida à liderança, visto como uma espécie de morte do chamado New Labour.

David tinha de decidir até às 17h00 de hoje se se candidatava às eleições para o gabinete sombra, a equipa com que os trabalhistas vão procurar ganhar novo fôlego, depois de em Maio terem saído do Governo, agora nas mãos dos conservadores e dos liberais.

Numa entrevista ao editor político da BBC, Nick Robinson, o ex-titular do Foreign Office disse estar “absolutamente certo” de que a sua decisão de, por agora, se afastar da linha da frente é a correcta.

Explicou até que o sentiu assim que no sábado foi derrotado, mas que preferiu esperar três ou quatro dias para amadurecer bem a decisão e falar sobre ela com a família.

A imprensa de direita tem vindo a considerar Ed Miliband um político “razoável”, especialmente cuidadoso em não melindrar as hostes trabalhistas que haviam estado com a equipa anterior e que defendiam “a terceira via”, entre um socialismo mais militante, mais ligado aos sindicatos, e uma atitude conservadora.

A derrota do seu irmão mais velho, David Miliband, ficou a dever-se sobretudo ao facto de uma grande parte do partido se querer distanciar de um passado recente, o qual se caracterizou, entre outras coisas, por um alinhamento com os Estados Unidos na invasão do Iraque.

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