2.10.10

Os diamantes sujos de Charles Taylor e de Naomi

Jeremy Ractliffe só reconheceu ter em seu poder aqueles diamantes de sangue quando Naomi o referiu durante o julgamento do antigo Presidente liberiano Charles Taylor, em Agosto.
Depois de ter sido tornado público que era ele quem ficara com os polémicos diamantes provenientes da guerra civil na Serra Leoa, o presidente da Fundação Mandela para o Auxílio à Infância entregou-os à polícia e demitiu-se das funções que desempenhava à frente da instituição.
Os procuradores disseram que os diamantes em bruto que Taylor ofereceu a Naomi Campell, durante um jantar em casa do antigo Presidente Nelson Mandela, e que ela passou depois a Ratcliffe, depois de se ter consciencializado de que não poderia sair com eles da África do Sul, eram provenientes de um dos mais tenebrosos conflitos a que a África assistiu na segunda metade do século passado.
Taylor teria consigo estes diamantes porque fora aparentemente à África do Sul com o intuito de adquirir armas para que prosseguisse a guerra civil na Serra Leoa, da qual ele era um dos mentores.
A justiça sul-africana acusou agora Jeremy Ractliffe ao abrigo de uma lei de 1956, que proíbe a particulares terem diamantes em seu poder antes de eles serem devidamente processados.
O acusado terá de comparecer em tribunal no dia 27 de Outubro, para explicar muito bem como é que se prestou a ficar com as pedras preciosas que Taylor deu a Naomi Campbell por se ter impressionado muito com a beleza da top model.
Durante o julgamento que está a decorrer em Haia, no Tribunal Especial das Nações Unidas para a Serra Leoa, Campbell afirmou ter recebido algumas “pedras de aspecto sujo” depois do jantar de caridade que tivera lugar em 1994 na casa do então Presidente Mandela, onde também se encontravam Taylor e a actriz norte-americana Mia Farrow.
A modelo especificou que, um pouco depois da refeição, dois homens não identificados lhe apareceram a bater à porta do quarto para lhe entregar aquelas pedras. E que nem sequer tinha provas de que eles fossem de Taylor.
No entanto, Mia Farrow e outra participante no jantar contaram uma versão diferente: Naomi Campbell teria dito a pessoas da sua confiança que o Presidente liberiano lhe prometera durante o repasto que lhe iria enviar um presente.
Na altura em que se demitiu da gerência da Fundação Nelson Mandela, Ractliffe contou que acabara por ficar com os diamantes porque poderia ser ilegal a bela Naomi procurar sair com eles do país.
No entanto, teve o cuidado de acrescentar que não queria envolver a Fundação Mandela para o Auxílio à Infância em nada de ilegal. E por isso é que teria ficado ele próprio, a título individual, com tais pedras, extraídas pelos rebeldes que cometeram muitas atrocidades durante a guerra civil na Serra Leoa e que mantinham fortes laços com Charles Taylor.
Uma das acusações feitas a Taylor é precisamente a de ter recorrido a “diamantes de sangue” para obter armas para os combatentes da Frente Revolucionária Unida (RUF), do seu pupilo Foday Sankoh, durante um conflito que se arrastou de 1991 a 2001 e que deixou profundas marcas em toda a África Ocidental.

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