19.1.13
Mali: a opinião dos comunistas
A intervenção militar em curso no Mali, protagonizada pela França e envolvendo outras
potências imperialistas, é indissociável da deriva militarista e intervencionista da NATO,
da União Europeia e das suas principais potências que, num quadro de aprofundamento
da crise do capitalismo e na sequência de vários processos de incremento da ingerência
externa, de militarização do continente – de que se destaca o Comando Militar norteamericano
para África AFRICOM – e de desestabilização de vários países, visam
acentuar o domínio económico, político e geo-estratégico do imperialismo neste
continente e pôr em causa a soberania e integridade territorial de vários dos seus
Estados.
A intervenção militar no Mali, desencadeada mais uma vez sobre o pretexto do “combate
aos terroristas islâmicos”, nomeadamente a grupos que como é público colaboraram
activamente na agressão e invasão imperialistas da Líbia, é indissociável dos planos de
várias potências imperialistas, nomeadamente a França, de reconstruir a sua teia de
domínio colonial destruída por décadas de luta dos povos africanos, controlar e explorar
os abundantes recursos naturais da região, e em particular do Mali, nomeadamente o
petróleo e outra riquezas do subsolo como o Urânio.
A situação interna no Mali é, à semelhança de outras situações, quer no continente
africano quer noutras regiões do globo, o resultado concreto da estratégia imperialista de
instigação de conflitos sectários, religiosos e étnicos que, servindo de pretexto para a
agressão e ocupação militares imperialistas, é em si mesma a origem do fortalecimento
dos radicalismos religiosos e do terrorismo.
É à luz deste contexto que deve ser lido o conflito interno no Mali. Um conflito que por
via da intervenção estrangeira poderá estender-se a outros países da região
nomeadamente a Argélia. A situação interna do Mali só terá solução no quadro do
respeito pela soberania e integridade territorial do País, livre de ingerências e
intervenções militares externas.
O PCP deplora a posição do Governo português que invocando a defesa da estabilidade
e integridade territorial do Mali, bem como a paz e seguranças regionais, apoia uma
intervenção militar que apenas servirá para introduzir maiores elementos de instabilidade
naquele País e na região.
17.01.2013
O Gabinete de Imprensa do PCP
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