Angola e o Afeganistão são alguns dos 22 países que enfrentam grandes dificuldades com as crises alimentares repetidas, disse a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), num relatório conjunto com o Programa Alimentar Mundial (PAM).
O Burundi, o Chade, os dois Congos, a Costa do Marfim, a Eritreia e a Etiópia são outros dos países com uma incidência de fome extremamente elevada, devido a uma combinação de calamidades naturais, de conflitos e de debilidade das instituições.
A fome crónica e a insegurança alimentar são as características mais comuns de crises prolongadas como as denotadas, de igual modo, na República da Guiné, no Haiti, no Iraque, no Quénia e na Libéria.
A má nutrição entre as crianças com menos de dois anos é um dos principais problemas que se coloca quando se trata de reduzir a fome no mundo, destaca entretanto o índice global distribuído pelo Instituto Internacional de Pesquisa em Política Alimentar (IFPRS), com sede em Washington.
O número global de pessoas que passam fome ultrapassou o ano passado mil milhões de pessoas, mas já desceu este ano para 925 milhões, segundo a FAO. No entanto, o problema continua a ser “extremamente alarmante” no Burundi, no Chade, na República Democrática do Congo (RDC, com a capital em Kinshasa) e na Eritreia. Todos eles países da África a Sul do Sara.
Num segundo patamar, onde a fome continua a ser “alarmante”, se não que já de gravidade extrema, situam-se, para além de Angola, a Guiné-Bissau, Moçambique, Timor-Leste, a Índia e o Bangladesh, entre outros.
No terceiro patamar, o da fome como problema “grave”, mas não já exactamente alarmante, estão designadamente a Coreia do Norte, a Mongólia, a Indonésia, o Paquistão e o Quénia.
“As crises alimentares prolongadas representam ameaças contínuas e graves para as vidas e os meios de subsistência; e à medida que o tempo passa pode ser cada vez mais difícil”, escrevem o director-geral da FAO, Jacques Diouf, e a directora do PAM, Josette Sheeran, no prólogo do seu relatório sobre “O Estado da Insegurança Alimentar no Mundo em 2010”.
Os países considerados em crise prolongada, como Angola, a Coreia do Norte, a Somália e o Sudão, são aqueles onde se verificou crise alimentar durante oito ou mais anos, desde 2001, que recebem mais de 10 por cento da ajuda externa em assistência humanitária e que têm um défice de alimentos.
Todas as conclusões deste trabalho conjunto de duas das agências da ONU estão a ser debatidas pela Comissão de Segurança Alimentar Mundial, reunida em Roma desde ontem e até dia 16. Trata-se de uma entidade intergovernamental para análise e seguimento de todas as políticas sobre segurança alimentar, incluindo a produção e o acesso físico e económico aos alimentos, para que não haja tanta fome, mormente em países africanos e asiáticos.
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