21.8.12

Washington segue o rumo de D. João II

Bem se poderá dizer que a Administração norte-americana nada mais faz hoje em dia, ao apoiar a Etiópia contra os islamistas somalis, do que prosseguir uma linha traçada por D. João II de Portugal, o Príncipe Perfeito, quando em 1487 enviou Afonso de Paiva em demanda do Preste João, o imperador cristão etíope que Lisboa queria ter como aliado na luta contra “os infiéis”, que eram os muçulmanos. Quando o Ocidente hoje em dia se refere à “Etiópia cristã”, apesar de as estatísticas dizerem que os cristãos não são ali muito mais do que os seguidores de Maomé (o anuário da CIA até os coloca em minoria), prossegue o imaginário de D. João II e de D. Manuel I, que se deixaram seduzir pelas igrejas e conventos que haveria naquela terra remota. Tendo a partir do século XVI os reis de Portugal adoptado também, entre outros, o título de “senhores do comércio, da conquista e da navegação da Etiópia”, enviaram tropas a proteger o seu negócio e a combater os piratas somalis que infestavam as costas do Corno de África. Os etíopes vivem no Estado africano que desde há mais tempo é independente, mas até hoje ainda não conseguiram definir uma fronteira clara com a Somália, antes tendo uma linha administrativa a separá-los da região de Oromo, no Sul do país vizinho. De 1976 a 1978 travou-se a guerra de Ogaden, pela qual o regime de Siad Barre pretendia anexar uma parte da Etiópia e preparar a Grande Somália. E no início de 2007 foram as Forças Armadas de Meles Zenawi que alcançaram Mogadíscio e Kismayo, como que a tentarem constituir uma...Grande Etiópia. Para que a tradição continue a ser o que era, os aliados somalis de Addis-Abeba solicitaram aos Estados Unidos que lhes garantam meios para proteger a costa. Exactamente o que os etíopes do século XVI pediram aos soberanos do longínquo Portugal. Assim se vai fazendo e refazendo a História. J.H.

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