13.12.14
Mais de 11.000 chineses em Portugal
Chineses que vieram para Portugal querem ascensão social que não conseguem na China e, por isso, procuram oportunidades de negócio.
O número de chineses a viver em Portugal cresceu cerca de cinco vezes numa década, mas os 11.458 imigrantes chineses ainda não chegam para que Lisboa tenha uma ‘Chinatown'.
De acordo com um estudo sobre a caracterização da população chinesa a residir em Portugal publicado esta semana pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), os imigrantes chineses apresentaram um aumento "muito significativo" entre 2001 e 2011, passando a representar a nona maior comunidade imigrante. Quase metade da população chinesa vive na região de Lisboa, principalmente na capital, com destaque para a freguesia de Arroios.
Porém, este ‘boom' na entrada de chineses em Portugal não tem reflexos profundos na política urbana da capital. "Ainda não há uma Chinatown em Lisboa como há em muitas cidades europeias e da América do Norte", diz Pedro Góis, investigador do Centro de Estudos Sociais e professor na Universidade do Porto. E até faz sentido que assim seja, pelo menos, por enquanto. É que apesar dos sinais da cultura chinesa "terem alguma visibilidade", não se justifica actualmente uma Chinatown porque a comunidade está "misturada" com outras, diz Jorge Malheiros, investigador do Instituto de Geografia e Ordenamento do Território (IGOT). Isto apesar de algumas intervenções que têm sido feitas nos últimos anos no Martim Moniz, que permitem perceber que "há uma política" relacionada com a presença de comunidades imigrantes, mas "não tanto como noutros sítios", salienta Pedro Góis.
Apesar de não terem uma expressão tão forte como têm noutros países, os chineses parecem ter vindo para ficar. Como os chineses que chegam a Portugal são maioritariamente jovens casais, 76% das crianças de nacionalidade chinesa dos 0 aos quatro anos e 64% das crianças entre os cinco e os nove anos (idade escolar) já nasceram cá, mostra o estudo do INE.
E vieram à procura de quê? "Há seguramente aqui uma estratégia cultural, que leva a que uma parte da população chinesa tenha de sair por falta de oportunidades de ascensão social na China", explica o sociólogo Pedro Góis, especialista em migrações. "E, portanto, escolhem Portugal muitas vezes por oportunismo, por ser aqui que surgem as oportunidade de negócio, ou porque conhecem alguém ou porque aparentemente nalgum momento Portugal está na moda nalgumas destas regiões na China", acrescenta.
Jorge Malheiros também salienta o negócio como o atractivo para vir para Portugal. Aliás, os números do INE revelam que o 42,2% da população chinesa a trabalhar em Portugal é dona do próprio negócio. Aliás, "a comunidade chinesa é a que gera mais emprego para os seus próprios membros", refere o investigador.
Económico
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