29.10.08

Reactivou-se a velha guerra na RDC

Aquilo a que esta semana se está a assistir no Leste da República Democrática do Congo (RDC), com um enorme extremar de posições, conforme já destacaram prelados da região dos Grandes Lagos, é como que a III Guerra do Congo, depois da II, também conhecida como Guerra Mundial na África, que principiou em Agosto de 1998 e terminou oficialmente em Julho de 2003, tendo envolvido pelo menos oito países e 25 grupos armados.
Essa Grande Guerra da África e as suas sequências saldaram-se por 5,4 milhões de mortos, na sua maior parte devido a doenças e à fome associadas ao conflito, o mais mortífero de todos os que o mundo conheceu desde a II Guerra Mundial, de 1939-1945. Ao lado dos presidentes da RDC, Laurent-Désiré Kabila e seu filho Joseph Kabila, estiveram então Angola, o Zimbabwe, a Namíbia, o Chade e o Sudão.Do outro lado, o das populações tutsis do Kivu, estiveram os exércitos do Ruanda e do Burundi, bem como toda a influência política do Presidente ugandês, Yoweri Museveni.
As Nações Unidas disseram que o Uganda foi um dos países que andou ilegalmente a extrair recursos naturais da RDC, onde há abundantes reservas de oiro, cobre, cobalto, urânio e zinco, entre outros minerais, como a columbite-tantalite (vulgo coltan), essencial para os telemóveis.
Apesar do acordo de 2003, as autoridades de Kinshasa e as de Kigali nunca enterraram verdadeiramente o machado de guerra, tendo arrastado um conflito de média intensidade. Se não directamente, pelo menos por intermédio de grupos a elas aliados, como é o caso do Congresso Nacional para a Defesa do Povo (CNDP), de Laurent Nkunda, que em meados da década de 1990 chegou a militar na Frente Patriótica Ruandesa, de Paul Kagamé.
“As duas capitais não actuam com sinceridade quando falam de reconciliação”, disse há 15 dias Arthur Kepel, investigador do International Crisis Group, citado pela AFP, quando se começou a ver que o machado de guerra estava uma vez mais a ser empunhado com grande força entre os lagos Eduardo e Kivu.
Nkunda argumenta que pretende evitar o “genocídio” dos banyamulenge, que são os tutsis daquela zona; mas acontece que os seus homens têm sido acusados por activistas dos direitos humanos de terem já cometido actos de assassínio, violação e pilhagem de aldeias. A Amnistia Internacional afirma mesmo que o grupo raptou crianças de 12 anos para as utilizar como soldados. Jorge Heitor

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