30.10.08

Os banyamulenge são a comunidade tutsi do Leste da RDC

O chefe dos rebeldes banyamulenge (tutsis de língua ruandesa) que estão a actuar no Leste da República Democrática do Congo (RDC), Laurent Nkunda, lançou ontem um ultimato ao Governo de Kinshasa, que acusa de estar associado aos hutus refugiados na região desde que em 1994 cometeram um genocídio no vizinho Ruanda, país de grande densidade populacional na região dos Grandes Lagos.
“Se o Governo congolês não quiser negociar a paz, a única coisa que lhe resta é partir”, disse Nkunda à France 24; e acusou as tropas governamentais de terem prosseguido os combates apesar do cessar-fogo unilateral proclamado quarta-feira pelo seu grupo, o Congresso Nacional para a Defesa do Povo (CNDP). Além de haver negado que esteja a ser apoiado pelas autoridades ruandesas, conforme dizem as autoridades da RDC.
Noutras entrevistas, o líder da rebelião declarou que pretende negociar sobre questões de segurança e as suas objecções a um acordo de 5.000 milhões de dólares (3.867 milhões de euros) que deu à China acesso aos recursos minerais da região, para além de ter afirmado que o seu papel no futuro da RDC é reformar o Exército, que durante a noite de quarta-feira para ontem teria pilhado a cidade de Goma, capital da província do Kivu Norte, e morto pelo menos nove pessoas.
Os banyamulenge instalaram-se progressivamente no Kivu durante os últimos séculos, a partir das terras que são hoje o Ruanda, o Burundi e o Ocidente da Tanzânia, tendo vindo a funcionar nestes últimos anos como um grupo de pressão que as autoridades de Kinshasa não conseguem ignorar e que por vezes as leva a entrar em choque com o regime ruandês do Presidente Paul Kagamé, que virou costas à francofonia e agora pretende entrar na Commonwealth, tendo já adoptado o inglês como língua básica nas suas escolas.
“Estamos dispostos a falar com todos os compatriotas, incluindo dos do CNDP”, disse ontem o ministro congolês das Comunicações, Lambert Mende, enquanto o comandante do Exérxito no Leste do país, general Marcellin Lukama, alegava estar a ser o cessar-fogo observado pelos dois lados.

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