10.6.12

Bissau: Manecas adere à Nova Ordem

O antigo ministro das Finanças da Guiné-Bissau Manuel(Manecas) dos Santos afirmou hoje que devido "às coisas que ocorriam no país era de se esperar um golpe de Estado". Actual embaixador da Guiné-Bissau em Angola e veterano de luta pela independência, Manuel dos Santos (mais conhecido no país por Manecas dos Santos) falava num encontro promovido pelo chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, António Indjai, para esclarecer aos veteranos de guerra as razões do golpe de Estado por ele liderado. "A corrupção alastrava, 'Cadogo' [primeiro-ministro deposto no golpe de Estado de 12 de Abril] comprava toda gente com o dinheiro de Estado. A injustiça grassa no país. Muita gente foi morta nos últimos anos sem que se saiba porquê e como", disse Manuel dos Santos. "O povo guineense tem o direito de se rebelar contra tudo isso. As nossas forças armadas um dia tinham que dizer basta a tudo isso", disse o antigo governante, pedindo aos militares para que "mantenham a vigilância sobre o país". "Os militares fizeram o que fizeram, voltaram para as suas casernas. Muito bem. Mas tal não pode significar que vão deixar de ter uma palavra sobre o país", instou Manuel dos Santos, dirigindo-se ao chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, que estava ao seu lado na mesa da presidência do Parlamento. "É agora ou nunca que temos oportunidade para mudar o nosso país", disse o ex-governante. O ainda embaixador da Guiné-Bissau em Angola acusou também os deputados de facilitarem leis que apenas servia os interesses dos elementos do regime deposto. Para Manuel dos Santos, a Guiné-Bissau "não honra os seus filhos" se "os verdadeiros combatentes da liberdade da pátria não são respeitados" pelas autoridades. "É inadmissível que um combatente como Mbana Cabra esteja a receber 14 mil francos CFA" (21 euros), afirmou Manuel dos Santos, referindo-se a um dos mais célebres ex-guerrilheiros durante a luta armada pela independência da Guiné-Bissau. Mbana Cabra estava na sala mas só andava apoiado a um cajado e foi o centro das atenções dos presentes. Afastado das lides partidárias há vários anos, Manuel dos Santos disse que "é chegada a hora" dos veteranos de guerra regressarem ao PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo) para "resgatar a história do partido". "Eu faço este ano 50 anos de militância no PAIGC. Entrei no PAIGC em 1962, hoje tenho 69 anos de idade. É preciso assumirmos as nossas responsabilidades para com o nosso partido", defendeu. 7-6-2012, 01:45:32 Fonte: Agência Lusa/Expresso das Ilhas

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