6.6.12
Bissau: palavras do golpista Indjai
O Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas da Guiné-Bissau, António Indjai, afirmou hoje que pretende reformar-se dentro de três anos para se dedicar à política no PAIGC, partido que diz ser "dos veteranos de guerra" como ele. António Indjai falava hoje na sede do parlamento para cerca de uma centena e meia de veteranos de guerra por ele convocados para uma explicação sobre os "verdadeiros motivos" do golpe de Estado de 12 de abril passado que ele próprio liderou. "Toda gente sabia o que se passava no regime do `Cadogo` [primeiro-ministro deposto, Carlos Gomes Júnior], mas muita gente que está no PAIGC [Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde, no poder até ao golpe] não dizia nada. Ficava tudo calado porque recebiam dinheiro dele. Acham normal que um antigo combatente (veterano de guerra) ganhe uma pensão mensal de 14 mil francos CFA (21 euros) enquanto governantes ganhem um subsídio de milhões?", questionou Indjai. Em quase uma hora de intervenção, o general António Indjai criticou duramente a governação de Carlos Gomes Júnior, a quem acusou de nepotismo, corrupção, e clientelismo no seio do PAIGC de que "Cadogo" é líder, e fez uma retrospetiva da Missang (Missão técnica angolana para o apoio a reforma do setor militar guineense) ao país. "`Cadogo assinou um acordo secreto com os angolanos para que estes possam atacar as nossas Forças Armadas. Não podíamos ficar de braços cruzados", defendeu António Indjai. Sobre o histórico partido, António Indjai disse que "atualmente foi comprado por `Cadogo` e já não representa os verdadeiros combatentes da liberdade da pátria". "Os que atualmente estão no PAIGC têm que sair de lá. Deixem-nos o nosso partido em paz. Já não querem saber dos verdadeiros combatentes da liberdade da pátria. É por isso que digo que desta vez vamos arrumar o problema dos combatentes de uma vez por todas", vincou António Indjai, recebendo palmas dos veteranos. "Mesmo que venhamos a ter um governo saído das eleições, tem que assinar um documento em que diz claramente como vai resolver o problema dos combatentes da liberdade da pátria", avisou o chefe das forças armadas. "Em relação à minha pessoa, posso-vos garantir que não tenciono ficar nas Forças Armadas mais do que os próximos três anos. Vou para a reforma e aí volto para o PAIGC. O verdadeiro PAIGC de Amílcar Cabral", acrescentou. Amílcar Cabral foi o fundador do PAIGC e "pai" das independências da Guiné e Cabo-Verde. É tido como referência moral e política dos veteranos de guerra de libertação do poder colonial português.
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