14.3.15

A nova aliança Boko Haram-Estado Islâmico

O Estado Islâmico, proclamado em 29 de Junho de 2014 por Abu Bakr al-Bagdadi, aceitou a aliança proposta pelo Boko Haram, que actua no Nordeste da Nigéria, afectando as fronteiras com o Níger, o Chade e os Camarões. Da Europa Ocidental, da África do Norte, da Ásia Central e de outras regiões seguem entretanto jihadistas para a Síria e o Iraque. Na Líbia já existe um ramo do Estado Islâmico; e este também tem aliados na Argélia, no Egipto, no Afeganistão e no Paquistão. O desafio islamita surgiu depois do surgimento e malogro ou repressão das tão controversas primaveras árabes. E agora aí as temos, as muitas faces da jihad mundial, que vai do Mali à Somália e das costas do Mediterrâneo ao Mar Arábico, sem esquecer o Emirato do Cáucaso e o Movimento Islâmico do Uzbequistão. A crise síria e o desenvolvimento de um novo terrorismo islamita, na Nigéria, na Síria e no Iraque, levaram a atentados na França, na Bélgica, no Reino Unido, na Dinamarca e na Austrália. O Islão, o velho Islão, com a sua conquista fulgurante, nos séculos VII e VIII, de Sevilha a Samarcanda, não deixa de nos surpreender, desde que chegou ao Xinjiang, ao Decão, à Malásia e à Indonésia. Se 31,5 por dento da Humanidade é cristã, 23,2 por cento é muçulmana, sendo estas as duas grandes religiões dos últimos 2.000 anos, havendo sucedido ao politeísmo, ao animismo, à redacção dos Veda, texto de referência do hinduísmo, ao primeiro templo judaico de Jerusalém, ao xintoísmo, ao taoismo, a Buda e a Confúcio. O Cristianismo e o Islão constituem o fundo religioso de mais de metade da Humanidade; e é por isso que os cristãos da Europa e das Américas não podem ignorar países muçulmanos tão populosos como a Turquia, o Egipto, o Paquistão, o Bangladesh e a Indonésia. Importa bem verificar como é que esses países se posicionam perante o jihadismo. Kairouan, Cairo, Medina, Meca, Karbala, Bagdad e Qom, entre outros, são santuários da alma muçulmana, a não ignorar por quem tente entender, minimamente que seja, o fenómeno religioso, que ainda ninguém conseguiu erradicar da face da Terra. Temos pois que estar muito atentos ao que se passa em Marrocos, na Argélia, na Tunísia, na Líbia, no Egipto, na Síria, no Iraque e por aí fora, para um dia não acordarmos com fundamentalistas islâmicos em Malta, em Lampedusa, na Sicília, na Sardenha ou na Córsega. O mundo muçulmano, maioritariamente sunita, é uma grande realidade a ter devidamente em conta por quem vive na Europa, pois que de Tripoli a Nápoles ou de Benghazi ao Pireu o caminho é curto, podendo ser feito em escassas horas. Na Turquia, esse cavalo de Tróia que de há muito se tenta introduzir na União Europeia,99,8 por cento da população é muçulmana, havendo também comunidades muito significativas em Chipre, Albânia, Kosovo, Bósnia-Herzegovina e Macedónia. Estejamos pois atentos à nebulosa jihadista, em todos os seus aspectos, chamem-se eles Signatários pelo Sangue, Al-Qaeda no Magreb Islâmico, Soldados do Califado, Boko Haram, Estado Islâmico ou Ansar Bait al-Maqdis. JH 14 de Março de 2015

Nenhum comentário: