As Nações Unidas voltaram ontem a rejeitar as alegações do Presidente timorense, José Ramos-Horta, de que foram muito lentas a actuar quando ele foi alvejado a tiro no dia 11 de Fevereiro; e quase ao mesmo tempo disseram que as queixas sobre abusos dos direitos humanos por parte da polícia de Timor-Leste têm “aumentado bastante” durante o último ano.
Ramos-Horta dissera que as forças internacionais destacadas no jovem país não actuaram de forma suficientemente rápida para o socorrer e prender os que o tinham atacado, e sobre cuja identidade se têm levantado dúvidas. Mas num relatório confidencial a que a Lusa já se referira e em que a BBC ontem insistiu a ONU alega só ter havido um atraso de quatro minutos na prestação de socorros, mas que as maiores falhas que houve teriam sido do lado timorense: apenas quatro dos soldados que guardavam a residência presidencial ficaram no local quando lá chegaram os rebeldes chefiados por Alfredo Reinado, tendo os restantes desertado.
A força policial de Díli nunca respondeu quando lhe pediram que enviasse reforços para o local dos incidentes; e o próprio Presidente só tinha dois guarda-costas com ele quando foi fazer jogging logo ao amanhecer, o que seria manifestamente pouco para a protecção de um Chefe de Estado. Para além de que, segundo as Nações Unidas, capturar os rebeldes nunca foi uma prioridade do Governo timorense, que se concentrou em garantir a segurança na cidade de Díli, a capital, e só dois dias depois iniciou a perseguição a quem poderia ter contas a prestar.
Sevícias policiais
“O povo timorense e as instituições do Estado podem desenvolver o progresso alcançado ou podem voltar a um passado mais violento”, disse quinta-feira Louis Gentile, representante local do alto comissariado da ONU para os Direitos Humanos, segundo o qual a polícia tem sido acusada de um uso excessivo da força e de maus tratos aos detidos: “Em alguns casos as vítimas contaram ter sido pontapeadas, esmurradas e espancadas. As sevícias por vezes continuaram depois de os suspeitos estarem por terra ou haverem sido levados para uma viatura policial”.
Enquanto isto, o jornal The Australian admitiu ontem a teoria de que Reinado tenha sido falsamente informado de que o Presidente o queria ver naquela manhã em sua casa e sido assim empurrado para uma armadilha mortal por parte de alguém interessado em que fosse eliminado.
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