O Procurador-Geral da República de Timor-Leste, Longuinhos Monteiro, desmentiu ontem a notícia, dada dia 13 no jornal The Australian, de Sydney, de que uma autópsia tenha dado indícios de que o major desertor Alfredo Alves Reinado e o seu companheiro de aventura Leopoldino Exposto tenham sido executados dia 11 de Fevereiro, durante uma alegada tentativa de assassínio do Presidente José Ramos-Horta.
“O caso ainda está a ser investigado”, argumentou Monteiro, depois de o principal partido timorense actualmente na oposição, a Fretilin, do antigo primeiro-ministro Mari Alkatiri, ter solicitado um inquérito internacional independente dos acontecimentos de há seis meses, numa polémica que se reacendeu depois de os media australianos terem dito a semana passada que o relatório da autópsia a Reinado indicava que ele e o amigo haviam sido executados à queima roupa; a não abatidos a distância pelas forças de segurança que se encontravam na residência presidencial.
Quanto ao primeiro-ministro Xanana Gusmão, cuja actuação em tudo o que se refere aos acontecimentos de Fevereiro tem vindo a ser alvo de especulações, recusou-se ontem, segundo a Reuters, a comentar as hipóteses levantadas na Austrália sobre se Reinado não teria sido atraído do seu refúgio nas montanhas para vir a ser executado à porta do Presidente da República, como se acaso se tratasse de uma iniciativa sua para matar Ramos-Horta, entretanto abortada pelos respectivos seguranças.
Exposto foi alvejado mesmo no centro da nuca, à queima-roupa, como é típico de uma execução, e a pele em volta das quatro feridas de Reinado apresentava queimaduras e estava escuras, como acontece com alguém que é especificamente assassinado e não morre por acaso numa troca de tiros, disse David Ranson, do Instituto de Medicina Forense do estado australiano de Victoria, reforçando as teses mais intrigantes sobre o que é que na verdade teria acontecido aos dois homens por volta das 06h50 locais de 11 de Fevereiro. Isso antes de Ramos-Horta ter regressado a casa, do seu jogging matinal.
A versão oficial é a de que Reinado e Exposto teriam sido alvejados pelo menos a uns 10 a 15 metros de distância, quando entravam na residência presidencial, tendo depois o Chefe de Estado sido gravemente ferido a tiro quando apareceu no local, enquanto Xanana Gusmão escapava ileso a um ataque paralelo ao sair de casa para o seu gabinete de primeiro-ministro. E versões dadas a partir do interior da prisão de Becora, em Díli, a capital timorense, dizem que - segundo os rebeldes aí detidos por esses acontecimentos - Reinado tinha uma reunião marcada com Ramos-Horta, que não tencionaria matar.
Duas dezenas de homens estão em risco de vir a ser condenados a prisão perpétua se acaso se provarem as acusações de que teriam atentado contra o Presidente da República e o primeiro-ministro, contava ontem The Australian, em mais um artigo sobre este rocambolesco caso, sobre o qual tarda em saber-se ao certo toda a verdade.
Jorge Heitor
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário