28.8.08

Angola, com ambições de potência regional

Angola conta com 2,7 milhões de cidadãos aptos para o serviço militar, dos 16 aos 49 anos, e com 5,7 por cento do seu Orçamento reservado a despesas militares para se poder projectar na África Austral e Ocidental, com um estatuto de potêncial regional, enquanto aguarda vir a suceder a Portugal, dentro de dois anos, na presidência da Comunidade dos Países de Língua Portugal (CPLP), já então com uma nova legislatura e eventualmente, pelo menos em teoria, com um novo Chefe de Estado.
Se bem que a África do Sul seja quem tem a maior parte do poder na região, tanto em termos económicos como militares, com a sua economia a crescer acima da média africana durante a última década, Angola nunca se esquece de recordar ao mundo que também teve nos últimos seis anos grande crescimento económico, se bem que ainda tenha muitas infraestruturas danificadas e que os seus campos se pareçam com um mar de minas, terrestres e antipessoais; o que faz recordar o muito trabalho ainda por vezes.
Luanda tem exercido grande influência em cada um dos Congos, que mais não seja como forma de proteger as fronteiras de Cabinda, contrabalança em São Tomé e Príncipe os anseios expansionistas da Nigéria; e até procura exercer um certo papel moderador nas questões da longínqua Guiné-Bissau, como quando recentemente se atribuiu a mediação entre o Presidente Nino Vieira e o Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, general Tagme Na Waye.
A recente visita efectuada a Angola pelo Presidente Thabo Mbeki ajudou a limar algumas das arestas e das desconfianças existentes entre as duas partes, tendência que se poderá acentuar se acaso o próximo Chefe de Estado sul-africano vier a ser, no próximo ano, Jacob Zuma, que já em Março estivera em território angolano para as celebrações do vigésimo aniversário da batalha do Cuíto Cuanavale, uma das maiores a que a África assistiu desde a II Guerra Mundial.
Na sua campanha para um novo papel a nível internacional, Angola procura hoje em dia produzir energia nuclear, de modo a compensar as suas carências de electricidade; e conseguiu já identificar jazidas de materiais radioactivos, como o urânio, para cuja exploração poderia contar tanto com o interesse da China como com o da França. Jorge Heitor

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