9.6.10

Perseguição aos activistas das Lundas

A Comissão do Manifesto da Lunda Tchokwe, uma associação de nativos e descendentes da região Lunda, mostra-se preocupada com informações postas a circular que dão conta da possível transferência de Jota Filipe Malakito para o Dundo, onde aguardará julgamento. A data de partida não é conhecida ainda.
Sobre o responsável pesa a acusação de crime contra a segurança do Estado e a concretizar-se esta operação de transferência, o responsável vai juntar-se a 37 outros companheiros de causa detidos naquela província rica em diamantes.
No comunicado que fez sair a organização que reivindica maior autonomia administrativa e financeira cita o governador local como principal mentor da acção. Acusa igualmente de estar a desvirtuar o propósito reivindicativo deste movimento através de insinuações públicas que visam segundo diz, perpetuar o medo no seio das populações e impedi-la de livremente se exprimir. De acordo com as fontes que vimos citando, o governo transmite para o público a ideia de associação do Manifesto Jurídico Sociológico do Protectorado da Lunda Tchokwe, a um exército que quer levar a cabo a luta armada para conseguir a independência das Lundas.
Os lundas reclamam ainda a forma como têm sido tratados os companheiros actualmente nas cadeias, sobretudo os fundamentos de acusação que nunca chegam a ficar provados em tribunal.
No princípio do mês passado foi condenado a 4 anos de cadeia pelo tribunal provincial da Lunda Norte Sérgio Augusto membro do manifesto.
No mesmo comunicado que denuncia o que denomina de julgamentos injustos a organização teme que igual sorte venham a ter os restantes membros.
Há três anos proclamou-se esta Associação que reivindica maior autonomia financeira e Administrativa da região que abrange as Lundas e se prolonga às terras do Kuando-Kubango.
De algum modo empurrados pelo sentimento de revolta que tem causado o desenvolvimento desigual das regiões em Angola, os fundamentos jurídicos e sociológicos da reivindicação assentam em Acordos anteriormente firmados com as autoridades coloniais que atribuíram Estatuto de Protectorado a região pouco antes da Conferência de Berlim de 1885.
Inicialmente após correspondência trocada com os proponentes, os órgãos do Estado parecem pouco receptivos a ideia da autonomia que colheu simpatias segundo se faz crer nas Lundas.
Apesar de previamente acordado o Governador Mwangala que é referido no comunicado não se mostrou disponível para responder as nossas questões.


Felizardo Ortegas Manuel Epalanga
Media, Communication & Website Programme Officer
Fundação Open Society

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