O Conselho de Segurança das Nações Unidas distribuiu hoje um comunicado a reafirmar, de forma inequívoca, que Alassane Ouattara ganhou as presidenciais na Costa do Marfim.
Ao fim de três dias de debate, durante os quais a Rússia se manifestou aparentemente compreensiva com o Presidente cessante, Laurent Gbagbo, que ainda não aceitou a derrota, o Conselho acabou por condenar nos termos mais enérgicos possíveis os esforços de “se subverter a vontade popular”.
Tendo em conta que a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), reconheceu o antigo primeiro-ministro Ouattara como Presidente eleito, o Conselho de Segurança pediu a todos os envolvidos no processo que respeitem o resultado do acto eleitoral, que decorreu em duas voltas, a última das quais no dia 28 de Novembro.
A correspondente da BBC em Nova Iorque, Barbara Plett, considera ter sido talvez uma concessão a Moscovo explicar que esta atitude da ONU só é tomada depois de a instância regional, a CEDEAO, se ter pronunciado.
De acordo com os diplomatas acreditados na organização, a Rússia argumentava que o apoio a um dos candidatos nas controversas eleições excedia o mandato das Nações Unidas.
No entanto, a embaixadora norte-americana Susan Rice explicou que a missão da ONU na Costa do Marfim, a cargo de Young-jin Choi, tinha todo o poder para certificar que as eleições haviam decorrido de forma justa, não restando qualquer dúvida quanto à vitória de Ouattara, líder da União dos Republicanos (RDR).
Ao abrigo de um acordo de paz assinado depois da guerra civil desencadeada em 2002, a ONU estava mandatada para aquilatar da justeza do acto eleitoral, que Gbagbo veio a protelar por todas as formas durante os últimos cinco anos.
Os três membros africanos do Conselho de Segurança, Gabão, Nigéria e Uganda, procuraram convencer a Rússia a deixar de se opor a que as Nações Unidas reconhecessem de forma irrefutável Alassane Ouattara como o Presidente eleito da Costa do Marfim.
Aliás, o Presidente nigeriano, Goodluck Jonathan, já afirmara não serem necessárias mais tentativas de compromisso; e que Gbagbo deveria mesmo ceder o poder.
“Já vimos no Zimbabwe e no Quénia como é que os governos de união nacional acabam, ao fim e ao cabo, por não funcionar”, dissera Jonathan, referindo-se ao facto de os seus homólogos Robert Mugabe e Mwai Kibaki também não terem querido sair de cena, depois de eleições que só teriam ganho de forma fraudulenta.
A BBC destaca que, depois das posições dos Estados Unidos, da ONU, da União Africana e da CEDEAO, Gbagbo fica quase que sem apoios externos, só lhe restando os militares do seu próprio país.
No entanto, uma figura da Frente Popular Marfinense (FPI), Abdon Bayeto, voltou a insistir em que o Presidente derrotado não cederá o poder, baseando-se no parecer de um Conselho Constitucional que lhe é favorável.
“Os dirigentes africanos estão a ser manipulados pela comunidade europeia e transformados em fantoches”, disse ao programa Network Africa, da BBC, Abdon Bayeto, representante em Londres do partido do velho historiador Laurent Gbagbo, que ao longo da sua carreira quem contado sobretudo com o apoio da Internacional Socialista.
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