20.4.15

É urgente desenvolver a África

Não, o problema não é primordialmente o de política de imigração da União Europeia. Não é o da melhor forma de receber 280.000 ou 300.000 pessoas que de repente aqui se dirigem. O problema é o do estado caótico da Líbia, que permite a movimentação de redes de traficantes. E é, sobretudo, o das terríveis condições de vida em terras da África e do Médio Oriente. O problema não é, sobretudo, o de salvar náufragos; mas sim o de evitar que 280.000, 300.000, meio milhão de pessoas sintam a necessidade de arriscar a vida na busca de um pretenso Eldorado. Urge montar um grande cordão de segurança no litoral da Líbia, para que de lá não saiam todos os dias barcos sem condições. Mas urge, sobretudo, pacificar a Líbia e melhorar as condições de vida em países como a Mauritânia, o Senegal, a Gâmbia, o Mali, o Níger, o Chade, o Sudão, o Sudão do Sul, a Eritreia, a Etiópia, o Djibuti e a Somália. Não faz sentido que a vida no Sara e no Sahel seja muito, mesmo muito pior, do que o é na Sicília, em Lampedusa, em Malta ou nas ilhas gregas. Só um mundo mais equilibrado, muito mais equilibrado, mais justo, é que evitará que centenas de milhares de pessoas se lancem ao mar, ao Mar Mediterrâneo, na ânsia de um futuro melhor. Não é coisa que se resolva em algumas semanas, com uns quantos Conselhos de Ministros; mas sim uma tarefa gigantesca para os próximos anos, envolvendo os melhores cérebros que existam na União Europeia e na União Africana. A África, uma grande parte da África, do Sara Ocidental ao Quénia, parece estar ainda com uns bons 40 ou 50 anos de atraso em relação aos mais atrasados países europeus. E é a isso que tem de se pôr cobro; é isso que tem de se resolver. Não é, em primeiro lugar, procurar diminuir o número de náufragos no Mediterrâneo, ou melhorar as suas condições de acolhimento na Europa. Jorge Heitor, 20 de Abril de 2015

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