10.8.15

A desastrosa aventura líbia

Os por alguns considerados "liberais" Barack Obama e Hillary Clinton meteram-se em 2011 numa aventura líbia que acabou muito mal. Porta-aviões norte-americanos cruzaram o Suez e aproximaram-se da Líbia, onde a oposição ao coronel Khadafi era muito heterogénea e ameaçava, se acaso levasse a sua campanha por diante, mergulhar o país numa nova Somália, há mais de 20 anos sem rei nem roque. Há que ser claro e não falar com subterfúgios: o sistema político-social vigente na Líbia não era de forma alguma perfeito, mas correr o risco de o substituir por uma anarquia, um caos onde ninguém se entende, não teria sido pior?. O senhor Barack Obama, tão precocemente galardoado com um Prémio Nobel da Paz, por se ter suposto que iria resolver os conflitos do Iraque e do Afeganistão, meteu-se com a França e o Reino Unido numa jogada de alto risco. Sob o pretexto humanitário de que Muammar Khadafi estava a tratar muito mal alguns dos seus compatriotas, Paris, Londres e Washington decidiram castigá-lo, destruir-lhe os aviões e apoiar activamente a estranha amálgama dos seus adversários internos. Perante o desconforto da Alemanha, da Turquia e da Rússia, a França sarkoziana e os seus amigos anglo-saxões meteram-se numa grande alhada, quando os Estados Unidos e o Reino Unido ainda não tinham conseguido descalçar as botas iraquiana e afegã. A bacia do Mar Mediterrâneo é hoje em dia uma zona mais perigosa do que o era no início do ano de 2011. A Europa Meridional recebe cada vez mais refugiados. A União Europeia, que já tinha tantas outras dores de cabeça, não sabe o que fazer. A quem é que poderá servir tamanha precipitação, como a que estamos a assistir desde que na Tunísia no Egipto começou uma coisa a que se resolveu chamar Primavera Árabe? Creio bem que não é a uma grande parte dos líbios; nem sequer aos malteses e aos italianos cujas praias estão há quatro anos a ser inundadas por legiões de pessoas em fuga. Pensem bem! Jorge Heitor

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