16.2.11

Médio Oriente: a ambiguidade dos conceitos

Como é possível que a BBC fale de "protestos no Médio Oriente" para se referir a tudo o que está a acontecer de Marrocos ao Irão?
Se Casablanca ou Argel são no Médio Oriente, então qual é que é o Próximo Oriente: a Madeira e as Canárias? E Próximo de quem? Ou Médio em relação a quê?
A origem da expressão Médio Oriente já foi por C. G. Smith atribuída, no Journal of Contemporary History, Julho de 1968, a um "curioso acidente de nomenclatura militar", quando em 1932 se procedeu a uma reestruturação de comandos britânicos desde o Vale do Nilo até certos territórios asiáticos com populações muçulmanas.
Ou seja, a designação Médio Oriente foi levada pelo uso, e contra a lógica, a englobar terras desde o Magrebe até ao Iraque e ao Irão. Raramente se fala de Próximo Oriente, enquanto o Extremo Oriente fica obviamente para os lados da China, do Japão e das Coreias.
Tendo o Reino Unido ficado muito enfraquecido após a II Guerra Mundial, foram os Estados Unidos que lhe sucederam numa espécie de supervisão cristã e ocidental sobre tudo o que entretanto tem vindo a acontecer em zonas tais como o Egipto, o Iémene e o Bahrein.
O eixo Washington-Londres julga-se com direito a controlar a evolução de tudo o que acontece desde o Mediterrâneo Oriental até ao Mar Arábico, região estratégica, em termos económicos, mas não só. Tem sido assim desde há mais de 50 anos e ainda ninguém saberá dizer quando é que o deixará de ser. Talvez um dia; talvez. A História funciona por períodos; e 80 ou 90 anos pouco são na vida dos povos. Jorge Heitor

Nenhum comentário: