Aldeia natal do Presidente Félix Houphouët-Boigny e desde 1983 capital política formal da Costa do Marfim, Yamoussoukro, 220 quilómetros a noroeste de Abidjan, é hoje em dia uma cidade esquecida, num país onde vigora o recolher obrigatório.
Dezassete anos depois dos funerais oficiais do "Velho" que em Paris fora deputado e ministro, Yamoussoukro já mal recorda os dias em que por lá passaram François Mitterrand, Valery Giscard d'Estaing, Eduard Balladur, Jacques Chirac, Bill Clinton e, se bem me lembro, Mário Soares.
Dezenas de chefes de Estado, de Governo e de parlamentos assistiram na Basílica de Nossa Senhora da Paz às solenes exéquias do primeiro Presidente de um país construído à base do marfim e do cacau e que actualmente se encontra em nítido declínio.
A classe política francesa trocou por algumas horas o frio de Paris pelo clima morno dos trópicos para dizer adeus a quem durante 33 anos dirigira o território marfinense, erguendo nele o maior templo da cristandade, decalcado nos moldes da Basílica de São Pedro, em Roma.
Houphouët-Boigny esteve em câmara ardente num palácio de mármore e vidro rodeado por belos jardins, naquela que fora e depois disso voltou a ser uma remota cidade do interior da África Ocidental.
Chamavam então a Yamoussoukro, os seus entusiastas, "o berço da sabedoria africana"; mas a verdade é que a grande quebra que os preços do café e do cacau registaram a partir da década de 1980 paralisaram a economia de um país que se queria próspero e deixaram a meio os planos grandiosos que havia para a cidade.
Henri Konan Bedié, que fora presidente da Assembleia Nacional, não aguentou por muito tempo o ceptro herdado do carismático Félix Houphouët-Boigny, enquanto as avenidas e os edifícios de grande prestígio erguidos em Yamoussoukro foram progressivamente ficando ao abandono.
O general Robert Guei derrubou-o em Dezembro de 1999; e um ano a seguir chegou à boca de cena o historiador socialista Laurent Gbagbo, nascido a 31 de Maio de 1945 no departamento de Gagnoa.
Gbagbo fez os seus estudos secundários no Liceu Clássico de Abidjan, onde aos 20 anos se tornou bacharel em Filosofia. Depois de ter estudado Humanidades na Universidade de Lyon, regressou a África e em 1969 licenciou-se em História na Universidade de Abidjan, cidade que para todos os efeitos práticos está a ser o centro político e comercial da Costa do Marfim.
No ano a seguir Gbagbo fez um mestrado na Sorbonne; e desde então não mais deixou de se dar com historiadores e políticos franceses da área socialista. Jorge Heitor
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