28.2.11

Um almirante vai representar Angola em Bissau

O adido militar de Angola nos Estados Unidos da América, Almirante Feliciano António dos Santos, "Paxi", há pouco mais de um ano acreditado no Departamento de Defesa, em Washington, deverá ser o novo embaixador de Luanda na Guiné-Bissau, país cada vez mais na mira do MPLA.
Feliciano dos Santos era, até Abril de 2007, Chefe do Estado-Maior da Marinha de Guerra de Angola, cargo para o qual tinha sido nomeado a 7 de Março de 2001. E esta prevista transferência para Bissau, depois do tirocínio junto do Pentágono, coincide com o envio para solo guineense de centenas de militares angolanos, encarregados - entre outras coisas - de reformular as frágeis Forças Armadas de um país que se tornou unilateralmente independente em 1973 e que continua a estar entre os mais subdesenvolvidos.
O adido militar de Angola nos Estados Unidos da América em vias de se transformar numa espécie de controleiro dos interesses de Luanda na Guiné-Bissau fez parte do primeiro grupo de bolseiros militares angolanos enviados para Cuba, onde desembarcou ainda antes da independência de Angola.
Após o seu regresso a África, Feliciano dos Santos desenvolveu, entre outras funções, o cargo de comandante de lancha e de esquadrilha. Foi o primeiro comandante da base naval do Soyo, tendo depois regressado a Luanda, onde ocupou o posto de comandante da base naval.
O almirante Feliciano dos Santos entregou no último trimestre de 2009 as cartas que o credenciavam como adido militar ao general Zahner Schummacher, vice-chefe do Estado-Maior das Forças Armadas do EUA. E tinha a categoria diplomática de conselheiro, primeiro passo para um lugar de embaixador.
Ao noticiar ontem que fora pedido o agrément para o novo representante diplomático, o jornalista guineense António Ally Silva comentou no blog Ditadura do Consenso que "José Eduardo dos Santos parece decidido a proteger o investimento de perto de 1 bilião de dólares que Angola tem para a Guiné-Bissau - a construção do porto de águas profundas, em Buba, e a exploração da bauxite, no Boé; para além de uma linha férrea a ligar os dois investimentos. Chegará brevemente a Bissau uma companhia de 600 homens (a maior parte elementos da Engenharia Militar)".
O ministro angolano da Geologia e Minas, Joaquim Duarte da Costa David, esteve em Bissau no fim de Outubro de 2010, de modo a dar um impulso ao projecto da bauxite, cerca de 240 quilómetros a sueste da capital, na região do Gabú.
A região do Boé, onde a independência foi proclamada em 24 de Junho de 1973 pelo PAIGC, tem nove jazigos de bauxite, seis dos quais são de importância relevante, dadas as suas reservas de 113 milhões de toneladas de bauxite da categoria "C1C2", de acordo com estudos que datam já da década de 1980, quando o Presidente da República era João Bernardo "Nino" Vieira, que derrubara Luís Cabral.
Com a extracção mineira, a construção de um porto de águas profundas e de um caminho-de-ferro, Angola instala-se em peso na Guiné-Bissau com intuitos de ficar, pois que os recursos do subsolo são múltiplos, incluindo o ouro, e poderão dar ainda para muitas décadas. Jorge Heitor

Nenhum comentário: