A Guiné Equatorial, agora na presidência anual da União Africana (UA), fez saber que partilha das posições de Angola quanto ao problema da Costa do Marfim. Mais um país a juntar-se ao bloco que ajuda Laurent Gbagbo a manter-se no poder, depois de as convulsões dos últimos meses já terem feito três centenas de mortos.
O embaixador de Teodoro Obiang Msogo em Luanda deu de igual modo a notícia de que o regime de Malabo conta com a formação a prestar pelos angolanos para que se torne realidade o seu velho sonho de vir a integrar de pleno direito, e não apenas como observador, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.
Sendo Teodoro Obiang e José Eduardo dos Santos presidentes que há 30 anos já se encontravam no poder, conhecem-se muito bem e apoiam-se mutuamente, em diferentes campos.
O ditador Obiang, agora com o peso suplementar de estar a presidir à UA, junta-se assim a Angola, à África do Sul, ao Uganda, à Gâmbia e ao Zimbabwe na trincheira dos que permitem que o historiador socialista Gbagbo continue à frente dos destinos do maior produtor mundial de cacau.
Nicolas Sarkozy, Barack Obama, a Comissão Europeia e Ban Ki-moon não conseguiram até agora levar por diante o seu desejo de que Gbagbo seja substituído pelo economista liberal Alassane Dramane Ouattara, que num hotel de Abidjan mantém uma Presidência da República paralela à que é ocupada pelo historiador apadrinhado pela Internacional Socialista.
Se bem que a Comunicação Social não dê tanto relevo ao que se passa a sul do Sara quanto o que concede às convulsões do Norte de África, a verdade é que o problema se arrasta desde a segunda volta das presidenciais na Costa do Marfim, em 28 de Novembro, com Laurent Gbagbo a ignorar ostensivamente as posições do secretário-geral das Nações Unidas.
José Eduardo dos Santos, Teodoro Obiang, Jacob Zuma, Yoweri Museveni, Robert Gabriel Mugabe, Roland Dumas, Henri Emmanuelli, Jack Lang e Jacques Vergès ajudam a Frente Popular Marfinense (FPI), do socialista Gbagbo, a combater as aspirações da direita francesa de recuperar terreno numa antiga colónia que Paris tinha na África Ocidental.
Cinquenta anos depois de ter encetado a luta para acabar com a administração colonial portuguesa, o MPLA procura que a sua influência se faça sentir, entre outros locais, na Costa do Marfim e na Guiné-Bissau.
As tropas e o dinheiro de Angola ajudam o regime de José Eduardo dos Santos a expandir-se (a exercer o seu querer) muito para além de Cabinda e dos dois Congos.
A velha palavra de ordem "de Cabinda ao Cunene" está a ser actualizada; e ampliada. Uma nova potência emergente surgiu no mapa da geo-estratégia, pronta para dar cartas em Kinshasa, Brazzaville, São Tomé, Malabo, Bissau e outras cidades. Jorge Heitor
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