17.4.10

A Guiné-Bissau é uma sucessão de ódios

(...) "e fiquei com interesse em saber das suas impressões sobre o país (ou o grupo) que apadrinha Carlos Gomes Júnior e J. Zamora Induta, que um dia talvez venham também eles a morrer de forma violenta, conforme já tem acontecido a tanta gente na Guiné-Bissau, desde 1973.
Sei que há quem vaticina que as mortes não se ficam por Helder Proença e Baciro Dabó, que o sangue poderá continuar a correr.
Muito cordialmente Jorge Heitor jheitor@mail.tmn.pt" isto dizia eu num e'mail que na tarde de 1 de Janeiro enviei para alguém pretensamente conhecedor dos meandros guineenses.

Portanto, ao começar o ano, eu já fora avisado de que se tramava algo de muito grave contra o primeiro-ministtro e contra o almirante Zamora Induta. E, assim, os acontecimentos de 1 de Abril último não constituíram qualquer surpresa.

Treze meses antes houvera "um conluio; um plano de decapitação do Estado", a acreditar no afirmado em 8 de Abril de 2009 à agência Lusa pelo então presidente do Tribunal de Contas, Francisco José Fadul.

"Zamora Induta há muito queria eliminar Nino Vieira, como já tinha conseguido eliminar Ansumane Mané" (líder da Junta Militar que derrotou Nino em 1999), declarou sem contemplações o antigo primeiro-ministro Fadul.

Até hoje, ainda ninguém explicou as circunstâncias em que morreram Nino Vieira e o Chefe do Estado-Maior General dessa altura, Tagma Na Waie. Foram mortos e pronto; tudo continuou na mesma. As mortes haveriam de prosseguir. Helder Proença, Baciro Dabó...

Há mais de 36 anos que é esta a vida dos guineenses, desde os tempos da chamada luta armada pela libertação nacional, que afinal não foi nenhuma libertação de ódios antigos. Antes pelo contrário.

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