16.5.10

Bubo Na Tchuto continua em foco na Guiné-Bissau

Considerado por Washington um narcotraficante

Polémico contra-almirante diz que “poderá dar estabilidade” à Guiné-Bissau





Um dos chefes da rebelião do mês passado na Guiné-Bissau, o contra-almirante Bubo Na Tchuto, apresentou-se este fim-de-semana como “o homem que poderá dar a estabilidade ao país”.





Depois de na quinta-feira ter ido ao Tribunal Militar explicar-se sobre as acusações que lhe são feitas de, já em 2008, ter participado numa conjura, o controverso antigo Chefe do Estado-Maior da Armada disse que os juízes “não tinham matéria para o condenar”.

Na sua opinião, foi “vítima de uma linchagem mediática orquestrada pelo general Tagme Na Waie”, o Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas entretanto morto o ano passado, na mesma altura em que também foi assassinado o Presidente João Bernardo “Nino” Vieira.

“Os que me acusaram já não existem”, vangloriou-se à AFP o contra-almirante José Américo Bubo Na Tchuto, que em 1 de Abril último saiu do seu refúgio nas instalações das Nações Unidas em Bissau e dirigiu um levantamento, em coordenação com o vice-chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, general António Indjai.

Quando interrogado sobre o facto de os Estados Unidos o terem acusado o mês passado de envolvimento em narcotráfico, respondeu: “Se há provas, que as apresentem!”.

Depois, quando lhe perguntaram por que ostenta tantos sinais de rigueza, contrapôs: “Qual é o oficial superior ou o alto funcionário da Guiné-Bissau que não é rico? A começar pelos (defuntos) Tagme Na Waie e Nino Vieira”.

Se tem dinheiro, disse, é porque estava à frente da Marinha, “onde apresávamos barcos que pagavam taxas e recebíamos uma percentagem”. Além de que conta com “amigos, como o Presidente da Gâmbia, Yaha Jammeh, que muitas vezes ajudam financeiramente”.

Foi precisamente na Gâmbia que ele esteve refugiado, desde as acusações de 2008 até ao fim do ano passado, quando regressou clandestinamente a Bissau e se refugiou no edifício da ONU.

Depois, ao ser interrogado sobre quem serão os seus inimigos, mencionou o primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior, que aquando da movimentação militar de 1 de Abril chegou a ser detido, durante algumas horas, e até mesmo ameaçado de morte.

Por fim, nas declarações à AFP, disse que se realmente o Tribunal Militar o ilibar, como espera, voltará a liderar a Marinha.



Jornalista ameaçado de morte

Entretanto, enquanto António Indjai e Bubo Na Tchuto controlam desde o início de Abril tudo o que se passa entre os militares guineenses, mesmo sem terem sido designados para tal, o director do “Diário de Bissau”, João de Barros, foi ontem agredido devido à publicação de um artigo sobre narcotráfico.

Barros disse à agência Lusa que o ameaçaram de morte e lhe disseram que estava “a ser guiado a partir de Lisboa”, por andar a escrever que os narcotraficantes procuram dominar o país.

Apesar de lhe terem destruído o computador que tinha na redacção, João de Barros, antigo secretário de estado da Comunicação Social, afirmou que um grupo de pessoas tenta controlar a Guiné-Bissau com recurso a meios de que dispõe a partir do narcotráfico.

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