O escritor e jornalista francês Antoine Glaser (que por acaso é da minha idade) corroborou agora no Nouvel Observateur um dado já aqui referido neste blog: a ligação da franco-maçonaria com uma parte dos acontecimentos em curso na Costa do Marfim.
O Grande Oriente da França, de inspiração laica, chegou a ser dominante na África a sul do Sara e o historiador Laurent Gbagbo foi nele iniciado. Mas parece que está actualmente suplantado pela Grande Loja Nacional Francesa(GLNF), mais virada para o meio dos negócios, no qual se movem Alassane e Dominique Ouattara.
A grande figura da maçonaria na África foi o Presidente gabonês Omar Bongo. E o filho e sucessor deste, Ali Bongo, até já abriu em Libreville uma conferência mundial da franco-maçonaria regular, na presença de Alain Bauer, conselheiro especial do Eliseu para questões de terrorismo. A sagração de Ali Bongo foi então feita pelo grande mestre da GLNF, François Stifani.
A franco-maçonaria constitui um verdadeiro sistema paralelo de governação na África negra, afirmou Glaser ao N.O., destacando o papel que este vector pode ter na política de uma série de antigas colónias francesas, como a República do Congo (Brazzaville) e a República Centro-Africana; ou o Togo.
Omar Bongo estabeleceu tanto laços familiares como maçónicos com o Presidente congolês Denis Sassou Nguesso. E a senhora de Alassane Ouattara é, por acaso, a gestora do património imobiliário do velho dinossauro Bongo. Pelo que quase se poderia dizer, de um modo simplista, que "isto está tudo ligado".
Uma vez que o economista liberal Ouattara, protegido do Eliseu e do FMI, se encontra na esfera da GLNA e que um tio de Laurent Gbagbo milita no mesmo campo (apesar de o sobrinho ter sido iniciado no Grande Oriente), Antoine Glaser é da opinião que o Presidente cessante da Costa do Marfim poderá até vir a recorrer aos circuitos maçónicos para negociar com o Presidente eleito Alassane Dramane Ouattara.
Os maçons Roland Dumas, Jack Lang e Henri Emmanuelli, da ala esquerda do PS francês, contam-se entre os grandes amigos do resistente Gbagbo, que há cinco semanas a imprensa internacional julgava que não aguentaria por muito mais dias mas que lá se vai aguentando.
Para além dos Bongos, de Gbagbo, Ouattara, Sassou Nguesso e François Bozizé, também o chadiano Idriss Déby e o camaronês Paul Biya se teriam aproximado ao longo dos anos da maçonaria que os franceses fizeram chegar tanto a Abidjan como a Lomé, a Libreville e a Brazzaville. Grande compasso este, o das sociedades mais ou menos secretas. Jorge Heitor
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