Na sequência do texto anterior sobre o Golpe d'Estado no Mali, o qual começa a correr verdadeiramente mal, sobretudo para a legitimidade inicial dos militares que o levaram a cabo, é também necessário mencionar a lógica existente entre o eixo AQMI/Boko Haram/Al-Shabaab.
Se por um lado, a Comissão Militar Conjunta da Região do Sahel (CEMOC)/Força de Contraterrorismo do Sahel empurra os jihadistas do AQMI para o Centro/Sul do Continente, a partir precisamente do norte do Mali, nos antípodas, as forças militares do Quénia, da Etiópia, do Governo Federal de Transição da Somália (TFG) e da Missão da União Africana na Somália (AMISOM), fazem exactamente o mesmo aos jihadistas da Al-Shabaab, no sentido inverso, mas também Centro/Sul. O ponto de convergência tem sido o norte da Nigéria, onde o Boko Haram nunca brilhou tanto como nos últimos dias, desde a sua formação em 2002.
Ambos estes factores conjugados com o facto de os Taliban até há pouco tempo terem estabelecido negociações com os governos afegão e americano com os intuito de abrirem uma Secção de Interesses no Qatar, significa um reconhecimento mútuo e uma entrada dos primeiros no circuito cocktail da diplomacia internacional. Por outro lado, também significa que o projecto de constituição do Califado no Afeganistão, deixou de fazer sentido.
As acções indiscriminadas do Boko Haram, sobretudo desde o natal passado, numa lógica de guerra psicológica, com a exigência de uma fuga massiva dos Káfires (descrentes em Allah), neste caso os cristãos, leva a crer que este desejo de purificação do território norte da Nigéria, faz do próprio o mais recente eleito para a instalação do novo Califado.
Por outro lado, este facto dá imenso jeito a quem os combate, já que o pior cenário é o de uma pulverização territorial, como a que tem vindo a acontecer até aqui no poroso Sahel, de Nouakchott a Mogadiscio
Raúl M. Braga Pires
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