Em reconhecimento da sua importância no contexto da literatura e cultura moçambicanas, foi lançada, esta segunda-feira, em Maputo, a versão da primeira edição do livro "Nós Matámos o Cão Tinhoso" da autoria do escritor Luís Bernardo Honwana, por ocasião das comemorações dos 50 anos desta obra literária.
Publicada em Março de 1964, a obra representa um marco na dinâmica da literatura moçambicana, cuja relevância e estética são testemunhadas pelo resgate e elevação ao estatuto de principal fonte dos textos de ficção narrativa que povoam os manuais escolares dos primeiros anos após a Independência nacional.
A reedição do "Nós Matámos o Cão Tinhoso" resulta das actividades de investigação e extensão da Universidade Eduardo Mondlane, em parceria com a AEMO-Associação dos Escritores Moçambicanos e a editora Alcance Editores, com o apoio institucional da maior operadora de telefonia móvel do país, a mcel.
Intervindo na cerimónia de lançamento da nova versão da obra, Felícia Nhama, disse, em representação da mcel, que "a operadora é uma empresa cem por cento moçambicana, daí que a nossa aposta no apoio à cultura, particularmente à literatura, constitui um desafio muito grande para a promoção e elevação da identidade nacional".
"Este lançamento ocorre numa ocasião inestimável, que é a comemoração dos 50 anos desta obra, que marcou a revolução e o desenvolvimento da literatura moçambicana e reiteramos, por isso, mais uma vez, os nossos agradecimentos pela honra de estarmos presentes neste momento de grandes memórias da literatura e história do nosso Moçambique", frisou Felícia Nhama.
Por sua vez, o secretário-geral da AEMO, Ungulani Ba Ka Khosa (pseudónimo de Francisco Esaú Cossa), considerou que o livro "Nós Matámos o Cão Tinhoso" constitui obra maior da nossa literatura, razão pela qual "não pode ser abandonado em qualquer apeadeiro desta ferrovia literária. Ele tem de ocupar a carruagem da primeira classe junto às grandes obras do nosso universo literário".
"Que o nosso Ministério da Educação assuma duma vez por todas que, no edifício do nosso saber, "Nós Matámos o Cão Tinhoso" tem a sua cadeira por direito próprio. Não é um favor que prestamos ao autor, é um tributo que prestamos à nossa cultura", frisou.
Usando igualmente da palavra, o autor da obra, Luís Bernardo Honwana, realçou que o livro é ainda hoje celebrado, porque continua a interessar mesmo àqueles para quem os grandes resultados da saga do 25 de Setembro são, na suas vidas, um dado adquirido.
O escritor reconheceu que a longevidade deste livro é feita, sem dúvida, pelo interesse do público que justifica sucessivas edições e traduções, mas sobretudo pelo favor da crítica.
"Efectivamente, é grande e variada a produção ensaística que este livro tem suscitado ao longo desde 50 anos. Muitos dos textos estão marcados pelas polémicas que o aparecimento do livro levantou no ambiente peculiar de um país colonizado que éramos então, mas desde cedo a crítica mais esclarecida identificou nesta pequena colecção de contos, aquilo que certamente a faz transcender o tempo, o lugar e o quadro histórico em que foi produzida", finalizou.
(FDS & Redacção do Correio da Manhã, de Maputo)
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