22.10.11

Líbia: há que dar nome aos bois

"Quando Khadafi foi assassinado, não foi o 'povo' líbio que ganhou a guerra. Foram Sarkozy, Cameron e Obama", reconhece Pacheco Pereira, aceitando que a União Europeia e os Estados Unidos querem o controlo do petróleo líbio. E no mesmo artigo (pág.33 do PÚBLICO de hoje) desmonta o chavão de uma "revolução árabe", a que os líricos gostam de chamar Primavera. Finalmente, há quem na imprensa portuguesa seja capaz de falar claro quanto à bizarra aventura ocidental na Líbia.
"O que aconteceu no último ano no mundo muçulmano, os eventos na Tunísia, Egipto, Bahrein, Iémen e Síria, só para citar os casos mais relevantes, está longe de ser esclarecido e muito menos de ser conhecido. Com a grande apetência para a ilusão exótica e a vontade de wishful thinking que têm os media ocidentais, divulgou-se uma interpretação feita à medida mais das esperanças ocidentais do que das realidades locais", escreve Pacheco Pereira.
Estou totalmente de acordo, pois é mais ou menos isto o que tenho vindo desde há meses a escrever nest blog e em outros sítios.
"A intervenção da Força Aérea dos países da NATO foi fundamental para conseguir que os rebeldes entrassem em Trípoli e de lá escorraçassem o coronel Muammar Kahadafi", escrevo eu no número de Outubro da revista "Além-Mar", saído há três semanas.
"Na Síria, poderá ser qualquer outra intervenção militar estrangeira, nomeadamente turca, a fazer com que se cumpram, entre outros, os desígnios dos Estados Unidos e da União Europeia: que o presidente Bashar al-Assad seja afastado do poder", acrescento no mesmo artigo, que redigi o mês passado, para o número deste mês daquela revista dos missionários combonianos.
Ou seja, basta de chavões e de palavras bonitas quando nos estamos a referir a grandes jogadas internacionais viradas para o espaço compreendido entre o Magreb e o Médio Oriente.

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