25.10.12

Bissau: a inventona de um ataque a partir do exterior

(...) parece que tudo se começa a conjugar para que o tal ataque contra Brá mais não terá sido que uma tentativa. Mais uma, de consolidar o Golpe de Estado de Abril, ainda que só aceite pela CEDEAO. Por isso, não terá sido estranho que Indjai, Yalá e a CEDEAO se tenham reunido de urgência após as situações que á posteriori aconteceram. Ou seja, tudo indica que mais não aconteceu que uma Intentona! Ora como recorda o jornalista António Aly Silva, no seu blogue “Ditadura do Consenso” o local do ataque, a base aérea de Bra, é “o domínio do Batalhão de Pára-Comandos e, a par do Batalhão de Mansoa, uma das mais habilitadas unidades das Forças Armadas da Guiné-Bissau”. O seu efectivo completo, “é de cerca de 1.000 homens”, um “volume [considerado mais que] suficientemente dissuasor para levar um grupo aparentemente desorganizado e escasso a tentar tomá-lo de assalto”. O antigo líder presidencial, entretanto derrubado, e actual líder do PRS, Kumba Yalá é encarado nos meios diplomáticos, em particular, nos que acompanham a situação na Guiné Bissau, como “principal obstrutor” de qualquer consenso que tenha a participação do PAIGC num futuro governo de Transição a ser criado, no âmbito das organizações internacionais mediadoras. Por outro lado, o actual ministro das relações Exteriores da Guiné-Bissau, Faustino Imbali, terá pedido, por pressão do general Indjai, a substituição de Joseph Mutaboba como representante do Secretário-geral ONU, eventualmente agastado com declarações deste sobre aspectos da situação no país. Este pedido acabou por ficar sem efeito devido aos “ouvidos moucos” da ONU. Ora, a actual situação na Guiné-Bissau não pode persistir sob pena do país continuar a regredir no seu desenvolvimento com as naturais consequências nefastas, para o Povo Bissau-guineense. Não são com Intentonas e com falinhas mansas da CPLP e de uma certa Comunidade Internacional que a situação se resolverá. Não esqueçamos que o país que viu reconhecida a independência em 1974 tem persistido em efectuar Golpes de Estado e está conectado, nomeadamente pelo Departamento de Estado dos EUA, como uma plataforma que os cartéis de drogas da América Latina para a Europa usam, em particular o seu enorme labirinto de ilhas pouco controlados. 24Out2012 Eugénio Costa Almeida/Pululu ©Publicado no Notícias Lusófonas, na rubrica "Manchete", em 24.Outubro.2012 ------ Note-se que com estas e com outras o grupo que se apossou do poder arranja pretexto para que nos próximos seis ou sete meses, pelo menos, não se organizem eleições. E lá vão ficando eles, no poleiro que conquistaram.

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