"O mandado de captura
norte-americano que recai sobre António Indjai pode precisar de ser atenuado,
talvez mostrando através de canais diplomáticos que ele não será ativamente
perseguido desde que permaneça em Bissau", refere Elisabete Azevedo-Harman num
texto de análise publicado na terça-feira no portal do Instituto Real de
Relações Internacionais britânico.
A investigadora em assuntos
africanos defende que vai ter que ser "moldado um compromisso" para os militares
guineenses se afastarem da esfera política e cortarem ligações com o crime
organizado.
António Indjai é o chefe do
Estado-Maior General das Forças Armadas e liderou os militares no último golpe
de Estado, em 12 abril de 2012, e é também acusado pela justiça norte-americana
de estar envolvido em tráfico de droga transatlântico.
O primeiro-ministro eleito,
Domingos Simões Pereira e José Mário Vaz, o Presidente eleito, vão precisar de
"um mandado nacional robusto, com suporte internacional e sub-regional, para
fazerem a reforma no setor da segurança", defende a analista.
No plano partidário, apesar de
ter ganho o parlamento com maioria absoluta e de ter conquistado a presidência,
o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) "precisa de
evitar ser triunfalista".
De acordo com Elisabete
Azevedo-Harman, "para lidar com os múltiplos desafios que herdou, o novo Governo
precisa de ser inclusivo para recolher contributos de toda a sociedade", mas
isso não quer dizer que tenha de haver "um acordo de partilha de
poder".
Embora haja um "cansaço
compreensível" por parte dos parceiros internacionais em ajudar a Guiné-Bissau
depois de tantas "falsas partidas", a analista defende que há agora uma
"oportunidade que não se pode perder" para desenvolver o país.
"A alternativa seria arriscar a
frágil Guiné-Bissau a sujeitar-se a uma renovada entrada de crime organizado
transnacional, ameaçando a paz regional e no resto do mundo",
refere.
"A alta taxa de participação nas
eleições representa um pedido inequívoco por uma nova oportunidade que a
comunidade internacional não deve ignorar", conclui.
José Mário Vaz obteve 61,9 por
cento dos votos na segunda volta das eleições presidenciais, realizada no
domingo, enquanto o candidato Nuno Nabian recolheu 38,1 por cento, anunciou na
terça-feira a Comissão Nacional de Eleições (CNE).
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