7.5.14

O ANC vai ganhar as eleições de hoje

Tendo em conta o mal estar político que assola a África do Sul, muitos pensarão que o ANC vai ter dificuldades em ganhar as eleições legislativas e presidenciais de hoje. Enganam-se. Eu, pessoalmente, mesmo considerando os atropelos de ordem vária, cometidos e conhecidos do público, acredito que a maior força política do país do "Rand" vai vencer nestas primeiras eleições sem Nelson Mandela.

É verdade que nos principais centros urbanos circula o apelo para o NÃO ao ANC e talvez por isso nas cidades o resultado possa ser adverso ao partido de Jacob Zuma. Ronnie Kasrills, membro do Comité Central do Partido Comunista da África do Sul, antigo membro do Comité Executivo Nacional do ANC, ex-ministro no governo de Thabo Mbeky, homem da "secreta" sul-africana e um activista anti-apartheid, é uma das faces visíveis desse movimento. Já disse publicamente que não vai votar nem no ANC nem na AD. Quem também não vota no partido no poder é o Bispo Anglicano Desmond Tutu. Estes dois posicionamentos, a julgar por aquilo que tem sido referido por alguns analistas políticos sul-africanos, podem levar a que o ANC perca nos centros urbanos. Mas essa eventual perda pode ser recuperada com o voto do campesinato.

Uma pedra no sapato do ANC vão ser, como sempre foram, alguns sindicatos. Nem a acção do secretário-geral da Central Sindical dos Trabalhadores sul-africanos, Zwelinzima Vavi, que já caiu em desgraça por força de escândalos onde se viu envolvido e agora pretende redimir-se dos pecados que cometeu, vai servir para demover a grande maioria dos trabalhadores. Alguns sindicatos, muito provavelmente, hoje mais do que nunca, vão demonstrar essa insatisfação através do voto contra. A palavra de ordem é Sidikiwe! Vukani! Vote "NO".

Mas só isso não chega. Não é suficiente para reverter a situação a favor de outras forças políticas, como são os casos da Aliança Democrática de Helen Zille, do Congresso do Povo de Mosiua Lekota, do Inkhata de Mangoshuto Buthelezy, do UDM de Bantu Holomisa (dissidente do ANC ao tempo de Thabo Mbeky) ou do recém-formado Economic Freedom Fighter do polémico e controverso Julius Malema.


João de Sousa, Correio da Manhã, Maputo

Nenhum comentário: