Líbia tem maior índice africano de desenvolvimento

A Líbia tem o maior índice de desenvolvimento humano do continente africano, graças às grandes obras lá feitas nas últimas quatro décadas. E tem também as maiores reservas de petróleo de toda a África, susceptíveis de virem a ser exploradas ainda durante muito tempo.
Algumas arbitrariedades cometidas pelo coronel Muammar Khadafi não podem fazer esquecer o quanto ele fez pelo desenvolvimento do seu país, que ainda é jovem, nas suas fronteiras actuais, e que na década de 1960 se encontrava bastante atrasado.
Khadafi não é mais ditador do que o rei da Suazilândia ou o primeiro-ministro da Etiópia, mas Paris e Washington parecem agora esquecer isso.
O coronel Muammar Khadafi fez com que os recursos da exploração petrolífera fossem essencialmente aplicados em grandes obras no país, em vez de servirem sobretudo as multinacionais do sector.
Por isso, bem como pelo seu apoio a grupos radicais de diferentes países, gerou ódios na França, nos Estados Unidos e em Israel.
No entanto, a actuação de Khadafi não será muito mais condenável do que a do Presidente da Eritreia ou a do Presidente do Gabão, Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, que até se encontra actualmente na presidência rotativa da União Africana.
Neste jogo do deve e do haver, de listagem dos bons e dos maus dirigentes africanos, convém que não se fique com a impressão de que o coronel Muammar Khadafi será uma pessoa muito mais condenável do que os presidentes da Gâmbia ou do Zimbabwe.
Só que, Paris, Londres e Washington decidiram agora esquecer-se da existência de Robert Gabriel Mugabe, de Teodoro Obiang e de Omar al-Bashir para apontar todas as suas baterias contra o senhor da Tripolitânia, discípulo de Nasser.
É assim que funciona a dita comunidade internacional. Em determinado período, de seis ou sete meses, escolhe um alvo preferencial, que neste primeiro semestre de 2011está a ser o Guia da Revolução Líbia, o excêntrico coronel Kadhafi, na ribalta desde 1969. Jorge Heitor